ATA DA QUADRAGÉSIMA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 27.05.1998.
Aos vinte e sete dias do mês
de maio do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove
horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, José
Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum e Pedro
Américo Leal. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria
Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz,
Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Henrique Fontana,
Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Pedro Ruas,
Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Constatada a
existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Oitava
Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Trigésima Sétima Sessão
Ordinária, deixou de ser votada face à inexistência de “quorum” deliberativo. À
MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 03 Pedidos de
Providências; pelo Vereador Eliseu Sabino, o Pedido de Informações nº 68/98
(Processo nº 1678/98); pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 03 Pedidos de Providências; pelo
Vereador João Dib, o Pedido de Informações nº 69/98 (Processo nº 1679/98) e 01
Emenda ao Projeto de Lei do Executivo nº 13/98 (Processo nº 1351/98); pelo
Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo
nº 79/98 (Processo nº 1690/98); pelo Vereador Nereu D'Ávila, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 09/98 (Processo nº 1651/98); o Projeto de Lei do
Legislativo nº 77/98 (Processo nº 1650/98); pelo Vereador Pedro Ruas, o Pedido
de Informações nº 70/98 (Processo nº 1683/98); pelo Vereador Reginaldo Pujol,
01 Pedido de Providências; pela Vereadora Tereza Franco, 15 Pedidos de
Providências e a Indicação nº 39/98 (Processo nº 1656/98). Ainda, foi apregoado
o Ofício nº 233/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando
Veto Total ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/97 (Processo nº
2499/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 02/98, do Vereador Elói
Guimarães, Presidente da Comissão Especial constituída com a finalidade de
analisar o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 03/96 - Processo nº 1612/96;
63/98, do Senhor Cézar Busatto, Deputado Estadual/RS; 71 e 72/98, do Senhor
Paulo Vidal, Deputado Estadual/RS; 1743, 1747, 1751, 1757 e 1761/98, do Senhor
Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS; s/nº, da Senhora
Márcia Rosa de Lima, Presidenta da Comissão Eleitoral constituída para a
realização de eleições nos Conselhos Tutelares; Telegramas: do Senhor Flávio
Vaz Netto, Secretário Estadual dos Transportes/RS; do Senhor Paulo Azeredo,
Deputado Estadual/RS; do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio
Grande do Sul; do Senhor José Ivo Sartori, Deputado Estadual/RS; do Senhor Luiz
Antônio Tirello, Secretário Estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência
Social/RS; do Senhor João Carlos Bona Garcia, Chefe da Casa Civil do Estado/RS;
da Senhora Maria do Carmo Bueno, Deputada Estadual/RS; do Senhor Arno Frantz,
Deputado Estadual/RS; do Senhor Nelson Boeira, Secretário de Estado da
Cultura/RS; Cartão da Senhora Maria Beatriz Gomes da Silva, Secretária de
Estado da Educação/RS. A seguir, o Senhor Presidente registrou o comparecimento
do Senhor Flávio Vaz Netto, Secretário Estadual dos Transportes, dos Arquitetos
Sérgio Zimermann e Alberto Pio Adomili, e do Senhor Régis Müller, Superintendente
de Portos e Hidrovias, convidando-os a integrar a Mesa dos trabalhos. Em
continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Flávio Vaz
Netto e Alberto Pio Adomili, que procederam à apresentação do “Projeto Porto
dos Casais”, tecendo considerações sobre aspectos técnicos relativos ao mesmo e
sobre sua importância para a cidade de Porto Alegre. Na ocasião, nos termos do
§ 1º do artigo 138 do Regimento, os Vereadores Cláudio Sebenelo, Reginaldo
Pujol, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, Maria do Rosário, Guilherme Barbosa,
Sônia Santos, Adeli Sell e Pedro Américo Leal manifestaram-se e formularam
questionamentos aos Senhores Flávio Vaz Netto e Alberto Pio Adomili acerca
“Projeto Porto dos Casais”. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a
presença do Engenheiro Hermes Vargas, e de assessores técnicos das Bancadas
integrantes deste Legislativo, que estão atuando na análise do II Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre - PDDUA. Às quinze horas
e quarenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, tendo
os mesmos sido retomados às quinze horas e quarenta e seis minutos, constatada
a existência de “quorum”. Após, foram apregoados Requerimentos dos Vereadores
Gerson Almeida e Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratamento de
Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossados na vereança
os Suplentes Cyro Martini, em substituição ao Vereador Gerson Almeida, e
Gilberto Batista, em substituição ao Vereador Antonio Hohlfeldt, informando que
Suas Excelências integrarão, respectivamente, as Comissões de Saúde e Meio
Ambiente e de Educação, Cultura e Esportes. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 74/98; em 2ª
Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 07/98, este discutido
pelos Vereadores Cláudio Sebenelo e Guilherme Barbosa, o Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 03/98, este discutido pelos Vereadores Cláudio
Sebenelo, José Valdir e Guilherme Barbosa, os Projetos de Lei do Legislativo
nºs 62 e 72/98, este discutido pelos Vereadores José Valdir e Guilherme
Barbosa; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 19, 69/98, este
discutido pelo Vereador Adeli Sell, e 70/98, este discutido pelos Vereadores
Pedro Américo Leal e Adeli Sell, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo
nº 06/98. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Gilberto Batista discorreu sobre
o Projeto de Lei do Legislativo nº 72/98, de sua autoria, que autoriza o
Executivo Municipal a incluir a disciplina Prevenção contra as Drogas, AIDS e
outras Doenças Sexualmente Transmissíveis no currículo escolar das Escolas
Municipais. Também, manifestou-se acerca da realização, por parte da Secretaria
Municipal de Transportes, de obras de sinalização e conservação viárias na Zona
Norte da Cidade. O Vereador João Dib criticou a utilização de “cartas-contrato”
para a admissão de novos funcionários para o Executivo Municipal, analisando
normas procedimentais pertinentes à este método, constantes da Lei nº 8.666/93.
O Vereador Isaac Ainhorn registrou a decisão da Organização Internacional de
Epizootias - OIE, que considerou os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina como “Zona Livres de Febre Aftosa”, comentando a importância de tal
resolução para as transações comerciais internacionais relacionadas à pecuária
gaúcha. O Vereador Juarez Pinheiro teceu considerações acerca do
acompanhamento, por Vereadores da Casa, da representação feita pelo Deputado
Estadual Cézar Busatto junto ao Ministério Público Estadual, a fim de que sejam
averiguadas as despesas do Executivo Municipal com publicidade. O Vereador Luiz
Braz referiu-se à entrevista coletiva concedida à imprensa pelo Senhor Raul
Pont, Prefeito Municipal de Porto Alegre, relativa à utilização de verbas públicas
em propaganda institucional no Município, afirmando que os dados ali fornecidos
não correspondem à realidade. O Vereador Fernando Záchia, reportando-se ao
pronunciamento do Vereador Juarez Pinheiro, comentou aspectos relativos à
representação apresentada pelo Deputado Estadual Cézar Busatto junto ao
Ministério Público Estadual. Também, discorreu a respeito dos dados
apresentados pelo Vereador Luiz Braz, com referência aos gastos do Executivo
Municipal com publicidade. A Vereadora Anamaria Negroni, ao manifestar-se
acerca do teor de parte do acervo integrante da exposição “Visceras y Sentimientos”,
do fotógrafo espanhol Pep Admetlla, atualmente instalada na Usina do Gasômetro,
externou seu posicionamento contrário à exibição do referido material. Na ocasião,
o Vereador Juarez Pinheiro registrou o transcurso do décimo terceiro
aniversário do Sindicato dos Aeroviários Gaúchos. A seguir, constatada a
existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento
verbal do Vereador João Motta, solicitando alteração na ordem de apreciação dos
projetos a serem votados. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto
de Lei do Executivo nº 06/98. Após, foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria do
Vereador Décio Schauren, subscrita pela Vereadora Maria do Rosário, ao Projeto
de Emenda à Lei Orgânica nº 01/98. Em Discussão Geral, 1ª Sessão, esteve o
Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/98, discutido pelos Vereadores Adeli
Sell, Nereu D'Ávila, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Pedro Américo Leal, Cláudio
Sebenelo, Renato Guimarães, João Dib, Guilherme Barbosa, Elói Guimarães e Cyro
Martini. Durante a apreciação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/98, o
Vereador Pedro Ruas cedeu seu tempo de discussão à Vereadora Clênia Maranhão e
o Senhor Presidente destacou a necessidade de que os oradores da tribuna
atenham o teor de seus pronunciamentos à matéria em debate. Ainda, foi aprovada
a prorrogação da Sessão, nos termos regimentais. Em Discussão Geral e Votação,
esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 59/97, que teve adiada sua discussão
por três Sessões, a Requerimento, aprovado, do Vereador Reginaldo Pujol. Em
Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 05/98, que
deixou de ser apreciado face à inexistência de “quorum” deliberativo. Às
dezoito horas e vinte e oito minutos, constatada a inexistência de “quorum”
deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis
Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro e Paulo Brum, e secretariados pelos
Vereadores Juarez Pinheiro e Guilherme Barbosa, este como Secretário “ad hoc”.
Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Estamos recebendo neste Plenário a
visita do Secretário Estadual dos Transportes, Sr. Flávio Vaz Netto, o qual
convidamos para integrar a Mesa Diretora, juntamente com os Arquitetos Sérgio
Zimermann, Alberto Pio Adomili e o Superintendente de Portos e Hidrovias, Sr.
Régis Müller.
É
uma honra, muito grande para todos nós, sempre que recebemos visitas ilustres
como, neste instante, a do atual Secretário Estadual dos Transportes, Sr.
Flávio Vaz Netto.
O
objetivo do Secretário Flávio Vaz Netto é a apresentação do projeto “Porto dos
Casais” em seu atual estágio de desenvolvimento.
Nós
queremos apenas lembrar que, no ano passado ou retrasado, recebemos aqui a
visita do Secretário dos Transportes, Dr. Guilherme Sociais Vilella, que veio
fazer uma explanação deste projeto quando, praticamente, começava a sua
tramitação.
Agora,
o Sr. Flávio Vaz Netto, Secretário Estadual dos Transportes, vem dar
conhecimento a esta Casa, exatamente, do estágio atual deste projeto intitulado
“Porto dos Casais”. E nós, com muita satisfação, passamos a palavra ao Sr.
Secretário.
O SR. FLÁVIO VAZ NETTO: Exmo. Sr. Presidente da nossa Câmara
Municipal de Vereadores, Ver. Luiz Braz, ilustres membros que compõem a Mesa
desta Casa, Exmos. Srs. e Sras. Vereadoras.
Meu
caro Presidente, como V. Exa. desde logo esclareceu, com muita honra, venho
pela primeira vez a esta Casa, sucedendo as visitas referidas por V. Exa. dos
Secretários de então, Guilherme Socias Vilella e José Otávio Germano que, ao
seu tempo, trataram do projeto “Porto dos Casais”, que tanto interesse tem
despertado, por sua relevância, por sua importância, no que diz respeito ao seu
debate nesta egrégia Câmara de Vereadores.
Devo
dizer, primeiramente, da honra que tenho de comparecer, nesta tarde, na Câmara
de Vereadores de Porto Alegre e de dizer do meu reconhecimento pessoal à ação
diligente, atenta de todos os Vereadores que integram a atual legislatura nesta
Casa, todos eles, ao seu tempo e ao seu modo, preservando suas concepções
ideológicas, mas todos, certamente, perseguindo o interesse público, o
interesse maior da nossa comunidade.
O
Projeto Porto dos Casais já é do conhecimento de todos, e eu não tomarei o
tempo de V. Exas. teorizando a respeito da sua importância, pelo menos a
importância que a ele dá o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e, tenho
certeza, de igual forma, o Município de Porto Alegre.
Na
verdade, eu venho aqui cumprir a missão de atualizar as informações da nossa
Câmara de Vereadores em razão de, na continuidade do desenvolvimento do projeto
“Porto dos Casais”, terem ocorrido novidades, novidades que passam pela
composição havida entre o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e o Município
de Porto Alegre, por meio da sua Prefeitura, que culminou num acordo em que se
inserem alguns requisitos, negociados de parte a parte, para a implementação do
projeto “Porto dos Casais”.
O
primeiro deles teve a ver com a volumetria desse projeto, que teve a sua
adequação pelo Arquiteto Adomili, que foi o vencedor do concurso público que
culminou com esse projeto cuja concepção arquitetônica é do conhecimento de
todos. Então, num primeiro momento, houve a adequação aos parâmetros impostos
pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, ao que se seguiram outras
exigências, como a garantia da transferência das operações portuárias do Cais
Mauá para o Cais Navegantes. O projeto conceitual da transferência das
operações portuárias, que já foi devidamente aprovado pelo Conselho de
Autoridade Portuária, foi encaminhado à Prefeitura Municipal de Porto Alegre no
dia 26 próximo passado. Também no dia 26 o estudo de impacto ambiental parcial,
relativo ao aterro, foi entregue à Prefeitura Municipal para os seus estudos.
Ainda
no dia 26 de fevereiro o estudo de acessibilidade ao “Porto dos Casais” foi
concluído e entregue ao estudo da Prefeitura Municipal.
E
o último ato exigido no acordo firmado com o Município de Porto Alegre tem a
ver com o estudo de impacto ambiental do projeto em si. Esse estudo foi
concluído e encaminhado à FEPAM e a expectativa que o Estado tem é de que, na
primeira quinzena de julho, se possa ter a realização de uma audiência pública,
que culminará com a orientação do nosso órgão ambiental, no sentido de como se
deve desenvolver a implantação desse projeto.
Devo
informar à Câmara Municipal que, o processo licitatório para o arrendamento da
área portuária, encontra-se em desenvolvimento com a pré-qualificação marcada
para junho próximo, e com apresentação das propostas para setembro. Estima-se
conhecer o licitante vencedor em outubro.
Devo,
também, dizer que as gestões junto à Prefeitura Municipal por parte do Governo
do Estado junto aos seus respectivos órgãos, notadamente a Secretaria conduzida
tão brilhantemente pelo Secretário Burmeister tem se dado de uma forma
absolutamente adequada e conveniente, em que o debate tem sido permanente, a
discussão tem sido transparente. E a expectativa que se tem é que se possa ter
da Prefeitura Municipal, já que atendidos todos os pressupostos e exigências
acordadas neste instrumento que venho referindo a V. Exas., até aqui, possa ter
o exame, tanto quanto possível, célere, para que possa o Projeto de Lei vir a
ser concebido e encaminhado a esta Casa e merecer de igual forma, o
enfrentamento pelos seus insignes membros e a votação no sentido de que, em
outubro, quando já será conhecido o investidor privado, possam as obras ter
início imediato.
Devo
dizer que me acompanham, nesta ocasião, e que estarão à disposição deste
Plenário, o Arquiteto Sérgio Zimermann, que é o Secretário Executivo do Comitê
de Implantação do projeto “Porto dos Casais”; o Arquiteto Alberto Adomili, que
é o vencedor do Concurso e é o autor do Projeto Arquitetônico do “Porto dos
Casais”; e o Dr. Régis Müller, Superintendente da Superintendência de Portos e
Hidrovias, que é quem tem a competência do gerenciamento dessa implantação.
Acompanham-me, também, o Dr. Abel Dourado, Diretor de Planejamento da
Secretaria dos Transportes e o Jornalista Macartur.
Proponho,
Sr. Presidente, se assim entender V. Exa., a Mesa Diretora e os Vereadores
desta Casa, passarmos um “Data Show” que trata da última e derradeira
formatação arquitetônica, concebida nesse Concurso, já com as adequações
exigidas pela Prefeitura Municipal, no que diz respeito a sua volumetria.
Quero,
desde logo, agradecer a honrosa oportunidade que me é dada de vir aqui, e dizer
que procurei trazer comigo essa equipe técnica para que possamos, se assim
entenderem e julgarem conveniente, produzirmos aqui um debate técnico adequado
que possa prover as eventuais deficiências que tenho, já que não sou engenheiro
nem arquiteto, mas devo dizer que tenho, como por óbvio, e não poderia ser de outra
forma, informação plena. Sinto-me absolutamente em condições de provê-los de
todas as informações que entenderem necessárias.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: É uma honra muito grande recebê-lo, Sr.
Secretário, assim como os membros de sua equipe. É claro que esta vinda aqui é
para que os Vereadores fiquem informados e nada melhor do que o corpo técnico
poder utilizar este instrumento do “Data Show” para passar essas informações.
Agradeço esta oportunidade que a Câmara Municipal tem de poder estar
acompanhando a atualização deste projeto.
O SR. ALBERTO PIO ADOMILI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vamos
tentar explanar, em termos gerais, o projeto “Porto dos Casais”, que já é do
conhecimento da grande maioria dos Senhores. O Projeto Porto dos Casais, apenas
para rememorar, nasceu de uma vontade do então Secretário dos Transportes ao
conhecer o programa REVAP, junto ao Ministério dos Transportes, programa de
revitalização de áreas portuárias que tem a intenção de trazer para o porto de
Porto Alegre uma proposta de revitalização da área do então Cais Mauá, hoje
Cais Porto dos Casais. A partir daí, por Decreto do Sr. Governador do Estado,
foi criado um grupo de trabalho envolvendo sete secretarias que culminou com a
contratação do Instituto dos Arquitetos do Brasil que fez a realização de um
concurso público de arquitetura que teve a participação de 600 técnicos de todo
o Brasil distribuídos em mais de cem equipes e teve o seu momento de ápice
quando da entrega dos 45 projetos quando foram selecionados três e, finalmente,
a equipe vencedora foi a equipe gaúcha do arquiteto Alberto Pio Adomili.
Na
verdade, o Projeto Porto dos Casais não é nada mais nada menos do que um
complexo de lazer, cultura e turismo que prevê a revitalização dos armazéns da
série A e série B, além do Pórtico Central e uma intervenção na ponta do Cais,
relativo às proximidades da Usina do Gasômetro. Na verdade, essa área, que
compreende 80.000 metros quadrados, numa extensão de 1.500 metros de cais, será
totalmente revitalizada e com a recuperação de armazéns e a intervenção
construtiva que se faz com o Festival Center na extremidade. Então, seria a
preservação do Pórtico Central, dos Armazéns da série A e B, e a construção
dessa parte extrema, junto à Usina do Gasômetro. Um complexo de utilização
múltipla que é subdividido em oito áreas de negócios: Portal do Guaíba, Guaíba
Designer Center, Vitrine do Mercosul, Terminal Hidroviário, Pousada do Guaíba,
Hotel Internacional, Teleporto Porto Alegre e Festival Center. O Portal do Guaíba
compreende Pórtico Central, os Armazéns A e B preservados e adaptados. Então,
seria o pórtico de entrada para todo o empreendimento, onde teria central de
informações, o memorial do Porto, venda de ingressos, organização de visitas,
além do cais de atracação para embarcações de turismo, espaço de exposição para
produtos típicos do Rio Grande do Sul, espaço para realização de leilões,
escritórios para administração, lojas de conveniências e artigos para
visitantes, alimentação, bebida e etc..
Portal
do Guaíba: seria a construção e reforma de 4.400 metros quadrados, num custo
estimado de 1,8 milhões.
Vitrine
do Mercosul: consiste na intervenção e preservação e adaptação dos Armazéns A1,
A2, A3 e A4, além da praça para animação e “shows”, a Praça dos Guindastes. Seria também um “Shopping Center” temático com os países que compõem o
MERCOSUL. Hábitos, costumes, cultura, folclore, culinária típica, artigos
típicos, turismo virtual; além de representar os armazéns de etnias do MERCOSUL
inspirado no “World Show Case”
existente no “Epcot Center”, nos Estados Unidos.
A
Praça dos Guindastes seria um ambiente para animação de shows, além de compor um espaço de diversão geral.
Terminal Hidroviário, seria a extremidade limite da intervenção do Projeto, justamente no Armazém B3. Essa solução já foi readaptada, uma vez que na primeira hipótese se previa a construção de um novo armazém, porque esse não é histórico como os outros, já tem um novo traçado arquitetônico, mas se revendo, se propõe a manutenção desse Armazém B3, criando um ambiente junto com a Praça do Navio e a Doca Norte. Então, este seria o terminal destinado á venda de passagens, informação turística, terminal de transporte de integração, conexão de transporte intermodal, praça de alimentação, lojas de conveniência e serviços de apoio. Além da Doca Norte, chegada e partida de embarcações locais e intermunicipais. A Praça do Navio, área verde, atracadouro de navios, visitação pública, etc.
Então,
o Armazém B3 teria, hoje, uma reforma de mil metros quadrados, num custo
estimado, provavelmente, bem inferior a esse, em torno de 250 mil.
Pousada
do Guaíba, seria a reciclagem do antigo edifício do DEPREC, hoje, sede do SPH
Hidrovias, que se transformariam num hotel de trânsito, categoria três
estrelas, com 60 apartamentos, serviços de alimentação, bebida, e demais
serviços hoteleiros básicos. Pousada do Guaíba seria a reforma de 3.000m2, com o custo estimado de 1,5 milhões.
Hotel
Internacional; hotel e marina a construir sobre o Armazém A7, integrando os
Armazéns A6 e A5, devidamente preservados e adaptados, a serem explorado por
cadeia hoteleira internacional, padrão 5 estrelas, de forma a inserir Porto
Alegre no cenário turístico internacional. Prevista a disponibilidade de
trezentas unidades de hospedagem, complexo gastronômico, centro de convenções
modular, completa infra-estrutura de lazer, serviços complementares, marina
particular com acesso exclusivo á plataforma suspensa.
Construção:
24.000m2 ,
reforma: 3.200m2, custo estimado: 25 milhões.
Teleporto
Porto Alegre: centro empresarial inteligente a ser construído; inédito sistema
de telecomunicação a ser conveniado Embratel/CRT, por fibra ótica, ligação
especial com satélite voz. Dados e vídeos em todos os andares, administração
por servidor central exclusivo, sistema alternativo de energia 24 horas,
centrais de serviços 24 horas, desde hotel administrativo até os de segurança e
limpeza. Teleporto seria uma construção de 27.000m2, num custo de 24,5 milhões.
Festival
Center: seria um shopping de lazer para toda a família, público local e
turistas, a ser construído. Complexo de entretenimento, cultura e lazer, que
vem liderando a preferência dos investidores institucionais do cenário
internacional. Mix de atratividades, place interno e externo, parque temático,
aquáticos, diversões, anfiteatro, teatro, complexo de cinemas, marina, centro
naútico e entretenimento noturno, além de estacionamento para particulares e
turismo, um heliporto, além de abrigar a futura sede da Fundação Orquestra
Sinfônica de Porto Alegre composta pelos espaços administrativos e setor
cultural, uma construção de 55.000m², com um custo estimado de trinta e sete
milhões de reais.
Resumo
das áreas de negócios: Portal do Guaíba, Guaíba Designe Center, Vitrine do
Mercosul, Terminal Hidroviário, Pousada do Guaíba, Hotel Internacional,
Teleporto Porto Alegre e Festival Center. Em linhas gerais, rememorando para
aqueles que já conhecem, o projeto “Porto dos Casais” prevê essa intervenção em
um total de cento e quarenta mil metros quadrados, com um custo estimado de,
aproximadamente, cento e trinta milhões de reais. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a exposição que foi feita.
Temos aqui a inscrição de nove Vereadores. Cada Vereador terá direito a 5min
para manifestar-se. Peço que enderecem as perguntas para o Senhor Secretário.
Vamos
fazer um espaço de três em três intervenções, porque aí dará a oportunidade
para que o Sr. Secretário possa se manifestar com relação àquilo que pensam os
Vereadores reunidos em blocos de três.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do § 1º do art. 138 do
Regimento.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Srs.
Secretários, boa tarde, é um prazer recebê-los aqui. Além da magnífica
exposição do arquiteto Sérgio Zimermann, quero cumprimentá-lo pela sua postura
em relação a um Projeto que, evidentemente, tem pontos polêmicos, e que esse
Projeto vem sendo acalentado pela população de Porto Alegre, como um sonho que
o Arquiteto Adomili transforma em realidade com a sua arte e com a competência
da sua equipe. Gostaríamos muito de nos reportar à fantástica mudança para
melhor desse aspecto paisagístico de Porto Alegre, associado ao Projeto Rio
Guaíba, e principalmente à reutilização portuária que está implícita nessa
situação, especialmente dos outros portos, do Cais Navegantes e Marcílio Dias.
Mais do que isso, parece-me que essa demonstração de criatividade e de uma nova
perspectiva para a Cidade de Porto Alegre resgata um pouco a nossa profunda
aversão ao turismo numa Cidade linda, com um povo maravilhoso e que faz com que
despertemos novamente para uma infra-estrutura turística importante, além de
uma grande possibilidade de lazer para a própria população de Porto Alegre e
estimulando o turismo interno e externo.
Gostaria
muito de ouvir o Senhor Secretário a respeito de um aspecto que eu considero
fundamental, que é o aspecto social. E nesse aspecto social, a previsão do
quanto de empregos novos poderá fornecer, quando pronta essa obra, diretos e
indiretos, como parte de um esforço do Município e do Estado na solução de uma
dessas chagas sociais. Em segundo lugar, eu gostaria que houvesse, por parte do
Arquiteto Alberto Adomili, alguma coisa em relação ao meio ambiente,
especialmente na construção e criação do novo espaço em Porto Alegre, que
queremos que seja o menos predador, de maior ocupação e de menor predação
possível do meio ambiente, ao contrário, estimulando e favorecendo o meio
ambiente. Muito obrigado pela sua presença. É uma honra para nós tê-lo aqui.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol, nos
termos do § 1º do art. 138 do Regimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ilustre
Secretário Estadual dos Transportes, Sr. Flávio Vaz Netto, a nossa saudação
pela sua vinda até nós, complementando-nos com essas preciosas informações a
respeito desse projeto de tamanha repercussão na vida urbana da Cidade, com o
qual esta Casa, obviamente, se sente comprometida, até mesmo porque o
ex-titular dessa Pasta, a Pasta dos Transportes do Estado nos honrou lançando,
por assim dizer, esse projeto aqui na Casa, antes mesmo do concurso promovido e
que selecionou a equipe que elaborou esse projeto, minuciosamente exposto nesta
tarde, não só pelo pronunciamento do Dr. Flávio Vaz Netto, mas também pela
complementação oferecida pelos seus técnicos.
Porto
Alegre, com muita freqüência, vê com pessimismo esses projetos, porque não está
acostumada a essas intervenções tão fortes no ordenamento da Cidade, promovido
por ente público, que desperta a participação da livre iniciativa, faz
parcerias com ela e consegue promover essas transformações tão agudas. Tenho
convicção plena de que esse projeto não é mais um sonho inatingível, é algo
perfeitamente factível e existe um clima, inclusive, no País e, até
internacionalmente, que suporta esse tipo de afirmação e que nos permite
transferir para a opinião pública não o desalento de um pessimismo de que isso
seria inatingível, mas uma confiança de que superados alguns obstáculos, alguns
em fase de superação, essa obra é plenamente factível.
A
minha intervenção encaminha para um questionamento que faço ao ilustre
Secretário, até mesmo impregnado pela consciência de que esta Casa aposta nesse
projeto e de que informações da imprensa da Cidade nos indicam que há alguns
obstáculos a serem transpostos. A pergunta seria, Sr. Secretário, em que grau,
em que medida e de que forma espera V. Exa. e os gestores do projeto que esta
Casa, que é comprometida com este projeto, pudesse contribuir para que se
alcance a sua exeqüibilidade dentro do menor espaço de tempo possível?
Adiantando que algumas circunstâncias, como uma das quais eu leio com
freqüência na imprensa, que um dos óbices a ser superado seria a necessidade de
parte do Muro da Mauá ser derrubado, isso já é legalmente possível a partir da
aprovação nesta Casa, no ano passado, de um Projeto de Lei de autoria do Ver. Nereu
D’Ávila que autoriza a ocorrência de tal demolição, desde que substituído por
outro sistema que continue dando a proteção que a cidade precisa diante de uma
enchente. A pergunta é esta Sr. Secretário.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O terceiro Vereador do bloco é o Ver.
Fernando Záchia.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.
Secretário, receba a saudação e os cumprimentos desta Câmara para com o projeto
que, sem dúvida nenhuma, é de vital e extrema importância para a Cidade de
Porto Alegre. Eu, objetivamente, perguntaria a V. Exa. qual o número de
empregos diretos e indiretos que este projeto irá gerar, em todo o seu processo
construtivo? É a nossa preocupação, tendo em vista tratar-se de uma obra dentro
da Cidade de Porto Alegre e sabemos que a questão do desemprego preocupa a
todos nós, e também a Porto Alegre. Sem dúvida nenhuma, esse é um fato gerador
de empregos, que estimula, e isso nos deixa muito contentes. Por isso o
interesse objetivo de sabermos, de fato, o real número de empregos a serem
gerados. Perguntaria também a V. Exa., em linhas gerais, quais são os termos do
acordo do Governo do Estado com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre para
viabilizar a execução deste projeto?
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Flávio Vaz Netto, Secretário
Estadual de Transportes, está com a palavra.
O SR. FLÁVIO VAZ NETTO: Gostaria de, respondendo às questões
formuladas pelos eminentes Vereadores Cláudio Sebenelo, Reginaldo Pujol e
Fernando Záchia, pela ordem que anotei e, ratificando, se todos me permitirem,
as manifestações dizem da importância deste Projeto, no que diz respeito a sua
finalidade, o seu objetivo que é o de revitalizar a área portuária, notada e
fundamentalmente notada, porque todos nós sabemos da exaustão da operação
portuária no atual Cais Mauá. A importância da revitalização dessa área
transcende ao seu próprio objetivo, na medida em que, Ver. Cláudio Sebenelo e
Ver. Fernando Záchia, nós teremos, afora os empregos que se demandarão por
ocasião da construção das obras civis, que haverão de acontecer, de forma
permanente, mais de 6 mil empregos diretos e indiretos. O Projeto aponta para a
perspectiva de termos 3 mil empregos diretos e 3 mil empregos indiretos. Afora,
evidentemente, a construção - esse dado, sim, eu não disponho porque se trata
da construção civil e é uma questão que só se poderá ver de forma mais precisa
posteriormente. Mas, para o cumprimento do seu objetivo, teremos 6 mil empregos
de forma direta e indireta, proporcionado pelo projeto “Porto dos Casais”.
Eu
devo dizer duas palavras a respeito das questões ambientais que foram
suscitadas para dizer que os estudos já foram concluídos e encontram-se na
FEPAM para analise do seu conteúdo.
Eu
penso que o que se pode declarar de relevante e afirmar perante este Plenário é
que as questões ambientais serão todas solvidas na medida em que o órgão
ambiental orientar nesse ou naquele sentido. A FEPAM está examinando, e o
Projeto, em princípio, não haverá - à primeira vista - de causar danos ao meio
ambiente. De qualquer sorte, as questões que venham a ser suscitadas pelos
órgãos ambientais serão devidamente consideradas e o seu atendimento será
pressuposto para implantação do Projeto.
Esta questão foi dirigida, especificamente, ao Arquiteto Adomile; eu, oportunamente, passo-lhe a palavra para que ele possa aprofundar, se julgar necessário esta questão. Meu caro Ver. Reginaldo Pujol, a contribuição desta Casa se dará na medida em que o estudo de viabilidade urbanística venha a ser convertido em lei, por esta Câmara, para que se possa ter a conseqüência neste Projeto. Então, a expectativa que se tem é de que, vencidas as questões técnicas que estão sendo objeto de apreciação pela Prefeitura Municipal, possa vir, traduzida em Projeto de Lei, a esta Casa, para que se possa editar a lei.
Com relação, se não me falha a memória, ao terceiro questionamento, foi um dos compromissos assumidos reciprocamente pela Prefeitura Municipal e o Governo do Estado, eu devo dizer que o primeiro tem a ver com os índices urbanísticos, esses já foram objeto de adequação, Ver. Záchia, no projeto arquitetônico final. Tinha a ver com dimensões da torre do hotel, tinha a ver com a altura da Fundação do Teatro OSPA, com a altura do Teleporto e a taxa de ocupação proposta e ainda a relocação da Casa de Cinemas, próxima a Usina. Isto está resolvido dentro do que pretendia a Prefeitura Municipal. As demais questões têm a ver com a transferência das operações portuárias.
Eu aproveito está oportunidade para fazer uma declaração definitiva ante este Plenário, que tem sido objeto de preocupação por parte da Prefeitura Municipal e que sempre foi objeto de preocupação pelo Governo do Estado e que também foi preocupação permanente da União, quando delegou a administração do porto ao Estado. Devo dizer, para a tranqüilidade dos Senhores, que a operação portuária, no porto de Porto Alegre, não sofrerá um minuto se quer de descontinuidade. Não se paralisará o porto em razão da implantação do projeto “Porto dos Casais” um minuto se quer. O cronograma de implantação do projeto “Porto dos Casais” parte do pressuposto de que a pari passu se estará sempre na frente no que diz respeito à transferência das operações portuárias para o Cais Navegantes. Outra questão que se trata de exigência da Prefeitura Municipal é o estudo de impacto ambiental relativo ao aterro do Gasômetro, também atendido, entregue à Prefeitura no dia 26 de fevereiro. O estudo de acessibilidade que ao início referi, também foi entregue a Prefeitura, faz parte do acordo firmado para o exame da Prefeitura e, finalmente, o estudo de impacto ambiental que já encontra-se na FEPAM. Estima-se uma manifestação da FEPAM até o final do mês de julho, com a sua orientação derradeira, que será acolhida; evidentemente será também um pressuposto para implantação desse Projeto. Devo dizer que, em contra partida, a Prefeitura Municipal se comprometeria a atender a essas questões, encaminharia à Câmara a aprovação do estudo de viabilidade urbanística, proposto para a implantação do Projeto do Porto dos Casais, que se espera mereça por parte desta Casa o acolhimento, e que venha em forma de Lei para que possamos dar continuidade a este Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra conforme o § 1º do art. 138 do Regimento.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.
Secretário, nós, Vereadores de Porto Alegre, estamos muito preocupados e
interessados em atrair turistas para Porto Alegre. Eu gostaria de saber qual é
o fluxo de turistas estimado para o complexo do Porto dos Casais ? E também em
que situação está a construção da sede do Teatro da Fundação Orquestra
Sinfônica de Porto Alegre, a FOSPA? Eram essas as duas perguntas. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a
palavra conforme § 1º do art. 138 do Regimento.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e
Vereadoras, Sr. Secretário Estadual dos Transportes, Flávio Vaz Netto, e equipe
que o acompanha, nós também vemos com satisfação a análise desse Projeto e o
debate acerca desses estudos do projeto “Porto dos Casais”, aqui na Câmara
Municipal de Porto Alegre.
As
preocupações que temos, são as preocupações que também têm diversos setores da
Cidade. E a Prefeitura de Porto Alegre, conjuntamente com o Governo do Estado,
selou um termo de acordo em que trata de algumas questões, condicionando
portanto esse Projeto a alguns elementos. Alguns deles: a manutenção das
atividades do Porto. Nós acreditamos na viabilidade econômica do Porto e
avaliamos que é fundamental, que o Cais Marcílio Dias, que o Cais Navegantes
estejam com plena capacidade de infra-estrutura e funcionamento antes da
desativação do Cais Mauá. Sobre isso nós analisamos um material que nos foi
trazido a partir do Conselho de Referência Portuária, e analisamos que aquelas
questões trazidas pelo Conselho ainda não foram suficientemente resolvidas
Uma
outra questão que nos preocupa é acerca do estudo de impacto ambiental, o EIA-RIMA.
O Senhor tratou aqui, da disposição da realização de audiência pública.
Avaliamos que é preciso ser cumprido o prazo de no mínimo 45 dias. E se
tivermos essa audiência pública marcada para julho deveríamos ter muito
anteriormente disponibilizadas as questões do EIA-RIMA, para que toda
comunidade possa ter os elementos a respeito da questão ambiental e urbanística
referentes ao EIA-RIMA, aos estudos de impacto ambiental, ao relatório de
impacto ambiental. Por quê? Porque tem um elemento que nos preocupa
sobremaneira, e gostaria que os Senhores trabalhassem um pouco esta questão:
temos perigos de danos essenciais à Cidade com o conjunto do projeto. Quero
levantar, como um alerta, uma preocupação, a questão da erosão nas ilhas, o que
já tem sido levantado por setores ambientalistas, a questão do assoreamento do
canal navegável, especialmente a partir do impacto de 100 mil metros cúbicos de
aterro dentro do rio Guaíba. Tenho comigo esta fotografia que saiu nesta
revista (mostra a revista) e vejo aqui, enfim, a Usina do Gasômetro e vejo que
boa parte do projeto acontece para dentro do rio. Sem dúvida o hotel, o
“shopping”, a marina, eles se calcam a partir desta questão da importância que
tem o aterro. Então, existe esta questão ambiental e precisamos ter tudo isto
resolvido antes que o Projeto de Lei venha para a Câmara. A última medida é o
Projeto de Lei. Antes disto, é preciso ter um processo que a própria sociedade
discuta, e não abrimos mão, por exemplo, que o Conselho Municipal do Meio
Ambiente tenha conhecimento, participe, analise, que o próprio Conselho do
Plano Diretor analise a mudança do regime urbanístico que estamos debatendo
nesta hora, nesta Casa, e também o Conselho do Patrimônio Histórico, uma vez
que o próprio vídeo aqui apresentado demonstra o portal de acesso ao porto como
tombado, o cais de modo geral, os armazéns que são tombados, e todo entorno que
é o centro histórico de Porto Alegre.
Então,
saudamos a iniciativa no sentido do investimento, temos a preocupação de que
não seja somente um empreendimento privado. Fiquei preocupada com uma parte do
vídeo que demonstra que todas as pessoas - e é uma pergunta - terão que pagar
ao passar pelo portal de acesso ao porto? É uma preocupação que tenho, porque
queremos que o espaço público seja mantido. Não queremos um espaço de cinco
estrelas, maravilhoso, somente para uma parcela da população, queremos que toda
comunidade tenha acesso.
Para
concluir, perguntaria ao Sr. Secretário dos Transportes acerca da licitação.
Nós temos informação de que no mês de junho já teremos uma parte do processo
licitatório. Como se abre um processo licitatório acerca de um anteprojeto de
um estudo, que se constitui, hoje, o “Porto dos Casais”, que não é sequer um
projeto acabado ainda e sobre o qual não temos uma definição conclusiva? Essa é
a pergunta que lhe faço, porque me parece que ela importa a todos nós. Saúdo V.
Exa., estamos abertos ao debate e ao diálogo, pois queremos sempre o melhor
para a nossa Cidade, e a Câmara Municipal deverá ter um papel também fundamental
de análise e, portanto, o processo licitatório adiantado, antes mesmo do
EIA-RIMA, nos preocupa, porque não sabemos em que bases estarão sendo
contratados os agentes para realização desta ação, preocupação de que as
pessoas, no interior do Estado, analisem que esse projeto já não é um projeto,
mas uma realidade, tamanho o volume da propaganda que há em torno dele. Então,
permita, Sr. Secretário, fazer essa referência, nesta hora, quando debatemos
tanto os gastos em publicidade.
(Não
revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Guilherme Barbosa, nos termos do § 1º do art. 138.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e demais componentes da
Mesa, depois de várias intervenções, não há como não repetirmos um pouco, mas
vou tentar ser o mais breve possível.
Quero
dizer da importância do Projeto e que sou apoiador da necessidade de que
revitalizemos a área portuária sem que, também, se perca a própria atividade do
porto.
Acho
que está bem colocado isso, ou seja, a transferência para o cais Navegantes e
Marcílio Dias, para que se mantenha e, quem sabe até, se incremente a atividade
portuária da nossa Cidade. São poucas as cidades do mundo que têm um porto com
tal extensão e não seria indicado que nós perdêssemos essa atividade comercial
importante. Então, por isso o apoio à idéia da revitalização dessa nossa área.
Quero
destacar, também, algumas preocupações já mencionadas, mas reforçar a questão
do aterro, porque, sem dúvida, é um impacto muito forte no Rio. O canal de
navegação passa muito perto, e o Estudo de Impacto Ambiental deve trazer, com
muito destaque, esse aspecto.
Outro,
é o que diz respeito ao famoso muro da Mauá, tão polêmico na nossa Cidade.
Todos sabemos, ou quem estuda um pouco mais sabe, como surgiu o muro, qual a
sua razão e a sua estrutura, no todo, no sistema de proteção às cheias na
Cidade. Acho que não precisou de lei para construí-lo, e não precisaria de lei
para retirá-lo. Seria uma decisão administrativa do Prefeito. Mas esta Câmara,
de qualquer maneira, autorizou-o, desde que houvesse um outro sistema que
conseguisse substituí-lo, dando a mesma segurança que o muro dá à Cidade.
Eu
tenho lido e escutado técnicos do próprio IPH da nossa Universidade Federal,
que se preocuparam muito com a proposta realizada de painéis que seriam
colocados quando houvesse enchentes na Cidade e, quando não fosse necessário,
seriam retirados e transformar-se-iam em ciclovias, ou algo parecido. Então, os
próprios técnicos do IPH demonstram preocupação com relação a isso.
Gostaria
de ouvi-lo falar mais sobre esse assunto, porque é um ponto absolutamente
fundamental: o muro da Mauá faz parte de todo o sistema contra as cheias, que
vem desde a Freeway, através de diques - como aqui no
Centro não seria possível dique, é com muro -, continuando na Av. Beira Rio e
vai adiante.
Um
ponto não falado ainda, que me preocupa muito, é a questão do trânsito. A Av.
Mauá vem com quatro pistas, logo em seguida reduz para três e, um pouco antes
do Gasômetro, reduz para duas pistas. Evidentemente que esse empreendimento
trará maior volume de trânsito para aquela região. Não sei se isso está sendo
estudado, se foi pensado, porque, com certeza, temos que trabalhar a questão
viária na Cidade.
Por
último, tenho cópia do acordo realizado entre a Prefeitura e o Governo do
Estado. Está dito aqui que, mesmo antes das iniciativas do Porto e do Projeto
como um todo, o próprio edifício para a sede da Fundação OSPA poderia ser
tocado primeiro. Mas tenho a informação de que não há, ainda, estudo de
viabilidade realizado. Na verdade, temos um anteprojeto, e não projeto
executivo, com todas as plantas necessárias. Enfim, seria apenas, ainda hoje,
um anteprojeto, sem estudo de viabilidade urbanística definido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passarmos a palavra para que o
Sr. Flávio Vaz Netto possa responder aos Vereadores inscritos no segundo bloco,
eu peço ao Ver. Clovis Ilgenfritz que assuma a Presidência para que possamo-nos
retirar por alguns minutos.
O
Sr. Flávio Vaz Netto está com a palavra.
O SR. FLÁVIO VAZ NETTO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. É com
satisfação que vou procurar responder as indagações e as questões suscitadas
pelo Ver. João Carlos Nedel, Ver. Guilherme Barbosa e Vera. Maria do Rosário.
Pela
ordem das questões, devo dizer ao Ver. João Nedel que a perspectiva que se tem
de fluxo de turistas/mês é de 15 mil, em razão da capacidade instalada, tanto
do hotel internacional quanto do hotel do trânsito, e do apelo que, certamente,
demandará esse complexo de lazer, cultura e turismo, que é o Projeto Porto dos
Casais.
Com
relação ao Teatro da OSPA, que me foi suscitado pelos Vereadores João Carlos
Nedel e Guilherme Barbosa, devo dizer que esse Projeto é da competência da
Secretaria da Cultura do Estado. A minha informação é relativa sobre ele, pois,
em não sendo da competência da minha Secretaria, eu o acompanho na medida em
que ele insere-se no projeto “Porto dos Casais”.
Devo
dizer que das ações da Secretaria dos Transportes, no sentido da viabilização
do início da implementação do projeto do Teatro da OSPA, tudo foi, ao seu
tempo, atendido. E anteontem, a Superintendência de Portos e Hidrovias
desocupou a área e a entregou aos cuidados da Secretaria da Cultura, no sentido
de que ela esteja disponibilizada para a implementação do projeto.
As
demais questões, Ver. Guilherme Barbosa, que dizem respeito, especificamente,
ao projeto em si, eu peço vênia para remeter esse assunto ao Secretário Boeira,
que é quem, por competência, poderá melhor esclarecer.
Eu
vejo, com satisfação, a coincidência que há no pensamento do Governo da União,
do Governo do Estado, e nas preocupações do Município, aqui externadas também
pela Vera. Maria do Rosário.
A
manutenção das atividades portuárias, eu não apenas reitero o que aqui foi dito
no sentido de que não haverá um dia, um minuto em que possa ocorrer qualquer
paralisação no porto, em absoluta consonância com o pronunciamento de V. Exa.
que acha, e tem toda a razão, que o porto de Porto Alegre tem muito potencial.
Assim também vê o Estado do Rio Grande do Sul. Devo trazer uma informação a
esta egrégia Câmara no sentido de que, nos próximos dias, estaremos licitando a
dragagem da hidrovia de acesso ao porto de Rio Grande que aumentará o calado do
porto de Porto Alegre de 17 para 19 pés, o que revela a importância dada ao
porto de Porto Alegre, e essa ação viabilizará a melhoria, o incremento das
nossas atividades portuárias.
Com
relação ao EIA-RIMA, eu devo dizer que isso está a cargo da nossa FEPAM e a ela
compete a publicação de edital para convocação de audiência pública. Eu estimei
uma data em razão do cronograma que nós estamos procurando cumprir, já que o
requerimento de licença prévia foi formulado alguns dias atrás e publicado no
Diário Oficial, se não me falha a memória, da segunda ou sexta-feira. A partir
daí, nós estabelecemos o nosso cronograma de mero acompanhamento, já que essa
matéria está afeta à FEPAM. Estimamos que esta audiência pública, pelo prazo
legal, se dê em 45 dias, o que nos remete à primeira quinzena de julho.
Com
relação ao aterro, o próprio projeto prevê alternativas de aterro ou estacas.
Com relação ao aterro, devo dizer que os estudos apontam para apenas 2%, no que
diz respeito ao comprometimento da área de fluição do rio. De qualquer forma, a
solução orientada pelo órgão ambiental será adotada na implantação desse
projeto. Penso não ter ficado suficientemente esclarecida a questão do
pagamento que aludiu a Vera. Maria do Rosário, porque, na verdade, não há
pagamento. Prevê-se que haja a disponibilidade de um espaço para venda de
tíquetes, para teatro, cinemas, mas, evidentemente, não se imagina transformar
uma área de acesso público como remunerada, como paga, absolutamente. Eu tenho
por esclarecida essa questão.
Com
relação à licitação, eu devo dizer que ela só é possível porque nós estamos
licitando o arrendamento de uma área, está vinculado à implantação de um
projeto, com todas as suas peculiaridades, obedecida a sua concepção. Mas,
evidentemente, o que se cuida na licitação é o arrendamento com o compromisso
de que se implante ali aquele projeto definido tal qual venha a ser aprovado
pela Prefeitura Municipal e tal qual venha a ser orientado pelos órgãos
municipais.
A
questão da transferência das operações portuárias do cais Mauá para o cais
Navegantes já foram objeto de exame e de autorização pelo Ministério dos
Transportes, que condicionou a autorização a que não houvesse prejuízo na
operação portuária, e também pelo Conselho de Autoridade Portuária, que é o
órgão que, pela lei, regula a operação portuária. Pela lei federal é ele que
detém a competência para essa apreciação.
Com
relação ao trânsito, a Prefeitura, também de forma diligente, condicionou o
exame do Projeto a um estudo de acessibilidade, que foi entregue no dia 26 de
fevereiro, estudo esse que contempla a solução viária que vai viabilizar o
trânsito no acesso ao Porto dos Casais. A Secretaria dos Transportes do Estado
aguarda a manifestação da Prefeitura no que diz respeito às conclusões desse
estudo.
Por
fim, a questão do muro da Mauá. O projeto propõe uma solução, mas, não obstante
a proposta contemplada no Projeto, não haverá nenhuma oposição do Governo do
Estado no que diz respeito ao exame de outras soluções que possam ser apontadas
como mais adequadas ou mais convenientes para o enfrentamento da questão da
eventual cheia que possa derivar do aumento do nível do nosso rio Guaíba. Devo
dizer, de forma peremptória, que a questão das cheias está contemplada no
projeto e será, também, pressuposto para o seu desenvolvimento.
Então,
eu vejo, Sr. Presidente, com muita satisfação, que as preocupações, todas elas
procedentes, que eu recolho dos eminentes Vereadores e Vereadoras, são
preocupações comuns. Por absoluta coincidência, estamos todos cuidando das
mesmas coisas.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Quero dizer da satisfação em recebê-los.
Temos ainda três Vereadores inscritos: Sônia Santos, Adeli Sell e Pedro Américo
Leal.
Com
a palavra, a Vera. Sônia Santos.
A SRA. SONIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com
grande alegria que recebemos, aqui, o Exmo. Secretário Flávio Vaz Netto, bem
como os arquitetos Sérgio Zimermann, Alberto Adomili, e, da mesma forma o
Superintendente de Portos e Hidrovias Régis Müller.
Faço
alguns questionamentos dirigidos ao Sr. Secretário: qual o custo e por quem
será bancado o custo da transferência das operações portuárias do Cais Mauá
para o Marcílio Dias?
O
outro questionamento é a pedido do meu colega de Bancada, Ver. Paulo Brum: no
projeto está previsto acesso para portadores de deficiência física? Segundo o
Vereador, para a Rua 24 Horas, que em breve será inaugurada, segundo denúncia
feita nessa Casa, não tem esse tipo de previsão.
Aproveito
para fazer um questionamento que o Líder da Bancada do PDT me passa: Com
relação à elevada prevista, está sendo considerada como continuação da Elevada
da Conceição?
São
três questionamentos ao Secretário Flávio Vaz Netto.
Muito
obrigada. E mais uma vez, é um prazer tê-los todos aqui e termos sido brindados
com essa bela explanação.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra.
O SR. ADELI SELL: Caro Secretário, temos uma idéia de que a
parceria entre os poderes públicos, seja em nível local, estadual ou federal,
com a iniciativa privada, num investimento desses, ou semelhante, sempre é
fundamental e essencial para o desenvolvimento da economia, para geração de
emprego e renda, isso que tanto falta em nosso País.
Eu
tive acesso a alguns dados, recentemente, referentes ao que foi realizado na
Cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, por uma iniciativa do Poder Público
Municipal, um Centro de Eventos, quando houve parceria com a iniciativa
privada. Ali, a iniciativa privada construía, usufruía - se estou bem lembrado
- por 20 anos daquilo que a iniciativa privada fez, ou seja, o investimento em
prédios e infra-estrutura, e depois isso passava, necessariamente, ao poder
público local.
Como
isso está previsto isso no Porto dos Casais? Há toda a construção e gastos que
se sabe que a iniciativa privada vai bancar, mas qual é a contrapartida que é
dada ao poder público, já que o porto é público? Qual é o prazo? Há
possibilidade de fazer com que haja um alargamento do prazo, uma renovação de
contrato? Enfim, é a questão da contrapartida que o poder público deveria ter
no sentido de dar esse espaço público.
A
outra questão, que não entendi bem na explanação, é a questão da marina. Ela
vai adentrar quanto o rio, em que condições, quais as condições técnicas? O
impacto ambiental já foi tratado, mas eu tenho uma preocupação especial com a
questão da marina. Também com os problemas possíveis de segurança na
trafegabilidade dos barcos de turismo.
Finalmente,
quero dizer, desenvolvido plenamente como nos foi exposto, acredito que Porto
Alegre poderá se colocar no centro turístico do MERCOSUL, e isso deve
combinar-se com outras atividades nesse mesmo sentido: seja a Prefeitura com os
seus investimentos na revitalização do Centro e outros investimentos, bem como
o Governo do Estado, fazendo uma ponte com os eventos, por exemplo, que
acontecem no Pavilhão Assis Brasil, em Esteio, porque o hotel no Centro parece
importante, já que temos uma defasagem na rede hoteleira no Estado.
Enfim,
gostaria que o senhor colocasse algumas questões sobre os pontos que levantei.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra nos termos do § 1º do art. 138 do Regimento.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Secretário, não posso deixar de me
reportar ao ilustre defensor que tive durante quase dez anos quando passei pela
Assembléia, V. Exa. estava ao nosso lado, e tal é a sua retidão de caráter que
acredito que este projeto, se conduzido por V. Exa., só poderá dar certo. E
quando eu empenho a palavra, sei o que digo.
Eu
queria apenas um esclarecimento, já que quase todas as perguntas foram feitas.
Eu gostaria de saber, por curiosidade, como avaliam esse projeto. Qual é o
tempo previsto para o término de tudo? Não pergunto sobre dinheiro, porque
penso que há. Ninguém começa um projeto sem dinheiro, por até nem haver
projeto.
Então,
gostaria de saber quanto à amplitude desse projeto, como este projeto se
desenvolve em relação a tempo e espaço. Eu tenho que lhe confessar que a minha
preocupação é com o lado direito da “cara” de Porto Alegre. Eu tenho ido ao
Secretário Burmeister há dois anos - o Presidente é arquiteto e sabe - e tenho
indagado sobre isso a ele, porque ninguém cuida do lado direito de Porto
Alegre. Quando cheguei nesta Cidade, há 50 anos, fiquei aterrorizado com a
“cara” de Porto Alegre, a periferia, porque é feia. Vai melhorar do lado
esquerdo. A parte canhota, infelizmente, a esquerda, vai melhorar. Devia ser a
direita.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao Sr.
Secretário, queria dizer que temos a satisfação de ter vários colegas técnicos
que estão colaborando conosco no Plano Diretor, colegas de várias Bancadas,
indicados pelos Partidos, e estão aqui assistindo a essa palestra. Queria
saudar a presença do Engenheiro Hermes Vargas, que foi assessor desta Casa, por
algum tempo, quando também éramos, e foi um dos responsáveis pela obra de
tomada deste prédio, no momento em que o então Prefeito Collares assumiu o
compromisso de nos transferir para cá. Seja bem-vindo sempre a esta Casa.
Eu
passo a palavra a S. Sa., o Sr. Secretário, para fazer os esclarecimentos e
encaminhamentos finais.
O SR. FLÁVIO VAZ NETTO: É com muita satisfação que tento
esclarecer as indagações da eminente Vera. Sônia Santos, do Ver. Adeli Sell e
do meu caríssimo amigo fraterno de longa data, permitam-me que assim o diga,
Pedro Américo Leal. Devo dizer que a sua manifestação, neste Plenário, deve ser
minimizada, porque vem comprometida com a suspensão da amizade longínqua no
tempo, mas, de qualquer forma, muito obrigado pelo seu gesto, ainda que
imerecido para mim.
Vera.
Sônia Santos, nós temos a projeção de custos para transferência da operação
portuária, que é estimado em 13 milhões de reais, a serem custeados pelo
investidor privado que venha a arrendar essa área, resultado desse processo
licitatório. Então, esse é um dado objetivo que se tem, é o produto dos estudos
recentemente concluídos e entregues à Prefeitura Municipal, que dão conta das
ações que serão desenvolvidas para a transferência das operações portuárias do
Cais Mauá para o Cais Navegantes, e que apontam para esse número de 13 milhões
de reais. Eu enfatizo: a serem custeados pelo investidor privado que resultar
vencedor nesse processo licitatório.
É
evidente que o projeto prevê - já respondendo a segunda questão - o acesso aos
deficientes, de forma adequada, como não poderia deixar de ser. Eu imagino que
o que se seguirá ao exame desta Casa, no que diz respeito ao seu Plano Diretor,
deva enfatizar e consignar de forma muito clara a obrigatoriedade de se
preservar as condições de trânsito do pessoal portador de alguma deficiência
física. De qualquer forma, o projeto contemplará isso.
Quanto
à Elevada da Conceição, devo dizer que nesse projeto não há nada consignado,
talvez tenha sido objeto de outras propostas que não a que resultou vencedora.
Não me sinto em condições de esclarecer, porque isso é estranho ao projeto do
Porto dos Casais em si; talvez eu possa, oportunamente, me inteirar mais
adequadamente para não deixá-lo sem resposta. Mas devo dizer que neste Projeto
não está consignada nenhuma elevada que possa derivar da Elevada da Conceição.
Ao
Ver. Pedro Américo Leal devo dizer que o prazo fixado em edital para o início e
fim, no desenvolvimento de um cronograma definido, deva se dar em até 5 anos, o
que não significa dizer que venha a ocorrer no quinto ano, pode se dar no
segundo, no terceiro, dependendo da agilidade do investidor privado e, até
mesmo, da sua capacidade de implantar um projeto dessa dimensão num prazo
inferior ao quinto ano. Isso tem uma explicação também, porque, quando se fala
na implantação deste projeto, é importante se voltar à questão que antecede
tudo isso, que é a operação portuária. Imaginou-se o desenvolvimento de um
cronograma de tal forma que a cada etapa da implantação do projeto “Porto dos
Casais” já tenha correspondido a uma etapa de transferência das operações
portuárias do Cais Mauá para o Cais Navegantes.
O
Ver. Adeli Sell suscita algumas questões que são, como todas o foram, muito
oportunas e que me permitem esclarecer, e espero fazê-lo de forma conclusiva,
no sentido de que a informação seja plena. A contrapartida vem do arrendamento
dessa área. Qual é a destinação dessa contrapartida? Qual o custeio, não apenas
a Superintendência de Portos e Hidrovias, mas o custeio da manutenção das
hidrovias de acesso ao Porto de Porto Alegre? Esta é a contrapartida, ou seja,
uma área que hoje é apenas onerosa, do ponto de vista financeiro, em que pese
que lá se opere o porto de Porto Alegre, se pretende otimizar a sua utilização
com esse complexo de lazer, turismo e cultura, ao tempo em que se minimizam
custos administrativos da Superintendência de Portos e Hidrovias e se espera
que isso ocorra numa progressão a fim de, já no quinto ano, ser auto-suficiente
no que diz respeito à manutenção das hidrovias de acesso ao Porto de Porto
Alegre. Essa é a contrapartida, provém do arrendamento. Arrendamento que se
dará mediante uma licitação publica, tendo, como conseqüência, um contrato por
um prazo de 25 anos, prorrogáveis por igual período. Aqui uma questão
importante: a que trata da reversibilidade dos bens ao patrimônio público, ou
seja, isso volta, prorroga-se nesse período, mas volta. Estará, assim -
corrijam-me os técnicos se eu estiver equivocado -, preservado não só o
interesse como o patrimônio público.
Com
relação às marinas, há uma previsão de sejam construídas duas marinas, uma
pública e uma privativa do Hotel. A construção da pública está prevista para
ser sobre estacas. Assim, não haverá o problema de, em se tratando da marina,
haver esse aterramento, com o represamento das águas do Guaíba. A marina
privativa do Hotel terá, como está projetado, um píer flutuante, o que também,
por óbvio, não derivará nenhuma conseqüência danosa.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu gostaria que o Senhor secionasse, por
etapas, o processo de como vai ser enfrentada essa obra. Será feita toda, de
repente?
O SR. FLÁVIO VAZ NETTO: Não vai ser de repente; há um cronograma
a ser definido. Há uma margem discricionária do investidor privado que vai ver
quando iniciar, antes ou depois, mas evidentemente que monitorado e orientado
pelo Poder Público. Será sempre condicionado ao não-prejuízo da operação
portuária, ou seja, a obrigação dele é desenvolver em até cinco anos - isso
pode começar pela restauração dos armazéns A e B, pelo Teleporto, enfim, aí há
uma margem que se remeterá à discussão do investidor -, mas haverá sempre um
pressuposto antecedente, ou seja, será em etapas, sempre compatibilizando a
parte que haverá de cessar a operação portuária do Cais Mauá com a antecedência
da viabilidade da operação portuária pelo Cais Navegantes. Eu posso encaminhar
o Projeto que trata mais especificamente sobre essa questão, mas peço vênia a
V. Exa. para, neste momento - até porque não o trouxe comigo -, tratar de uma
das oito utilidades dos mais de vinte e dois projetos que serão desenvolvidos
nesse Projeto do Porto dos Casais.
Estou
concluindo, Sr. Presidente, as questões que me foram formuladas. Pelo que
anotei, penso não ter deixado nenhuma delas sem resposta. Saio daqui acalentando
o espírito de que possa ter contribuído, não apenas para a informação plena de
V. Exas., mas gostaria muitíssimo, se me permitissem, que extraíssem, da vinda
do Secretário dos Transportes do Rio Grande do Sul a esta Casa, a certeza de
que o que fiz com muita honra. Sinto-me muito feliz por ter tido esta
oportunidade, mas ficaria mais feliz ainda, se a leitura que se pudesse extrair
da vinda do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, neste momento, através do
Sr. Secretário dos Transportes, a esta Casa como um gesto que se pratica no
sentido de não apenas subsidiá-los com informações, mas de dar absoluta
transparência a esse processo todo que espero seja - como concluo das
manifestações que recebi aqui - de interesse de toda a sociedade
porto-alegrense. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos, em nome desta Casa, a
presença do Sr. Flávio Vaz Netto, Secretário Estadual dos Transportes. Foi uma
honra tê-lo aqui, prestando todos esses esclarecimentos, junto com a sua equipe
técnica. Esta Casa tem interesse em continuar... acompanhando, pari passu,
todos os atos com relação a esse projeto que, tenho certeza absoluta, vai fazer
com que a nossa Cidade possa ter uma nova característica no seu centro com essa
revitalização do porto de Porto Alegre. Agradecemos a sua presença e vamos
continuar solicitando a V. Exa. que informe esta Casa dos acontecimentos com
relação ao Projeto do Porto. Muito obrigado.
Vamos
suspender os trabalhos da presente Sessão para que os Vereadores possam despedirem-se
do Sr. Secretário.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h42min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h46min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos
à
1ª SESSÃO
PROC.
1592/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 074/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
institui o Dia do Acemista no Município de Porto Alegre e dá outras.
2ª SESSÃO
PROC.
1546/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 007/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
altera a redação do inciso VII e inclui § 3º ao art. 115 e acrescenta nova
alínea “d” ao inciso VIII do art. 128 da Lei Complementar nº 284, de 27 de
outubro de 1992 (Código de Edificações de Porto Alegre), e dá outras
providências.
PROC.
1622/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 003/98, que altera o artigo 13 da Lei
Complementar nº 352, de 08 de agosto de 1995, que dispõe sobre a Política de
Assistência Social do Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
1432/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 062/98, de autoria do Ver. Gilberto Batista,
que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Vilmar
Ribeiro Romera.
PROC.
1524/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 072/98, de autoria do Ver. Gilberto Batista,
que autoriza o Executivo Municipal a incluir a disciplina Prevenção contra as
Drogas, AIDS e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis no currículo escolar
das Escolas Municipais.
3ª SESSÃO
PROC.
0658/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 019/98, de autoria do Ver. Adeli Sell, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Julio Zanotta
Vieira.
PROC.
1449/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/98, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
dispõe sobre o uso e permanência de cães-guia para pessoas portadoras de
deficiência visual em locais públicos e privados e dá outras providências.
PROC.
1495/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 069/98, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
institui, no Município de Porto Alegre, os JOMEEX - Jogos Municipais de
Estudantes Excepcionais e dá outras providências.
PROC.
1507/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Jayme
Caetano Braun.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida solicita licença
para tratamento de saúde no dia de hoje.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Gerson Almeida e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Antonio Hohlfeldt também solicita licença para tratamento de saúde no dia
de hoje.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt e dada posse
ao Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
Pauta de hoje, eu gostaria de destacar um Projeto do Ver. Nereu D’Ávila, que
altera o art. 13 da Lei Complementar nº 352 que dispõe sobre política de
assistência social no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com a
nova Lei Orgânica da Assistência Social, fica estabelecido que a assistência
social é uma obrigação do Município de Porto Alegre, da União Federal e do
Estado do Rio Grande do Sul. Os três, conjuntamente, são responsáveis por uma
política de assistência social na Cidade de Porto Alegre.
O
jornal “Zero Hora”, há duas semanas, anunciou que com a chegada do frio
criavam-se os problemas graves de assistência social, inclusive do recolhimento
de indigentes na Cidade de Porto Alegre. E a Vera. Maria do Rosário fez um pronunciamento
em que ressaltava a manchete do Jornal, que dizia que Porto Alegre não teria o
sistema de Ronda, um tradicional sistema de recolhimento de indigentes e que o
Albergue Maria Flor havia sido desativado pelo Governo do Estado.
Eu
fui atrás desse assunto - e isso diz respeito a esta Pauta, uma política de
assistência social - e consegui as seguintes informações: que o albergue Maria
Flor sofria de uma ociosidade de atendimento na maior parte do ano, com
problemas muito grandes de disponibilidade de uma estrutura importante para um
pequeno trabalho, que pode ser perfeitamente absorvido pelas organizações
não-governamentais, desde que não incomodadas; como foi, no ano passado,
incomodado e pressionado pela Administração Municipal o Albergue Dias da Cruz.
Esse albergue faz um trabalho magnífico, Ver. Pedro Américo Leal, que é do seu
conhecimento - V. Exa. esteve lá e sabe das suas imensas dificuldades -, e, no
entanto, faz um trabalho de assistência social magnífico. O Secretário do
Trabalho e Assistência Social decidiu, junto com o Município de Porto Alegre,
repassar a importância de - apesar de se dizer que o Estado não repassa
dinheiro para o Município - 19 mil reais para os responsáveis pela Ronda, para
fins de albergue, nos meses de junho, julho e agosto. Esse cálculo foi feito
pela própria Prefeitura Municipal, estipulando o valor de R$ 106,00 por pessoa
e que, através dessa verba, repassada com antecipação ao Município,
essencialmente essa parte que diz respeito à política de assistência social, cuja
preocupação do Ver. Nereu D’Ávila, nesta Pauta, é fundamental, faz com que
tenhamos hoje a participação do Estado, pois a execução, segundo a Lei
Orgânica, da assistência social, é de competência do Município. Então, não há
por que ter diversas organizações - inclusive uma estatal, quando as ONGs
preenchem a função - que muitas vezes são ociosas. E a organização estatal
estava, inclusive, mobilizando uma grande infra-estrutura para, durante vários
meses do ano, não ter atribuições.
Então
com a passagem dessa verba, já estabelecida na reunião com o Município de Porto
Alegre e com as Organizações Não-Governamentais, estipulada em 106 reais por
pessoa, por pernoite, conforme avaliação da própria FESC, não vai haver
mendigos na rua, neste inverno. Isso é fundamental e com esse esforço de
parceria entre o Estado e o Município, resolve-se, desta forma, o problema
grave de assistência social suscitado, inclusive na Pauta, pelo Ver. Nereu
D’Ávila. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para falar em Pauta.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os
Vereadores de Porto Alegre - 33 Vereadores -, que representam Porto Alegre -
representam 1 milhão de pessoas -, todavia, só podem escolher uma figura para
destacar como Cidadão Emérito, com o Título Honorífico. E pertencente, então, a
este grupo fenomenal que é a família dos distinguidos com o Título Honorífico
de Cidadão de Porto Alegre. Se nós levássemos 100 anos, só escolheríamos 3.300.
Em uma existência, em um século destacaríamos apenas 3.300 pessoas. Está na
Pauta de hoje uma indicação do ilustre Ver. João Carlos Nedel à figura de Jaime
Caetano Braun. O “payador” missioneiro! Belo trabalho de apresentação fez o
Ver. João Carlos Nedel, uma verdadeira tese sobre o poeta. Do chiru indomável
que sem ser estancieiro, não foi peão, nem capataz de alguém. Guaxo, livre,
veio lá de Sepé Tiaraju, dos Sete Povos troteando pela estrada da vida, às
vezes nas invernadas da existência também, de arreio nas costas, mas no dizer
de Vargas Vila: “Sempre livre!” Porque a vida é como o amor, aprisionado morre,
como aprisionado, morrem os tigres e os condores. É preciso liberdade! Chapéu
para trás, jogado com o dorso da mão, avançou pilchado, junto com um punhado de
poetas, que conheci pelas andanças, em mateadas e entreveros da poesia crioula.
Jaime
não é uma lenda, eu conheci este cantor. Assim diria Juca Ruivo, Mozart Pereira
Soares e outros tantos companheiros dele. Veio tudo em tropelia, sua obra, sua
poesia indomável, xucra. No dizer de Catulo da paixão cearense: “Eu abro as
duas porteiras/ dos olhos, meu bom patrão/ e deixo que atropelada/ saia, só,
numa arrancada/ toda a boiada das lágrimas/ do curral do coração”. Os poetas se
entendem, não precisam se conhecer, sofrem pelos outros, imaginando dores,
cantando as coisas simples da vida e por aí vão pela vida afora. E, assim,
indagou Catulo, o poeta da simplicidade: “Qual seria o anel do poeta,/ Se o
poeta fosse um doutor/ Uma saudade brilhando/ Na gravação de uma dor.”
Esta
gente se entendem, esta gente não se conhece, mas Catulo e Jaime Caetano Braun,
para que precisavam falar? Para que precisavam ter contato, se eles trabalham
sobre aquilo que mais dignifica a criatura humana, que é a palavra, a poesia, a
prosa. Valores que não podem ser roubados, porque são riquezas espirituais.
Ninguém rouba riquezas espirituais, só roubam as riquezas materiais.
Galpão
de Estância, Galpões do Rio Grande, De Fogão em Fogão, Potreiro de Gaúchos,
Vocabulário Campeiro, Bota de Garrão, Brasil Grande do Sul, Passagens Perdidas,
e outras obras. Eu tenho quase todas elas, com dedicatória. Por isto que,
quando o Ver. João Carlos Nedel se lembrou deste homem, muito me dignificou.
Quanto a Glaucus Saraiva, idealizador do Galpão Crioulo do Piratini com o
Governador Tríches, que eu também tive a oportunidade de imaginar esse Galpão,
criamos o Assessor Regionalista do Piratini. E por que acabaram com esse
assessor do Piratini? Infelizmente não posso terminar essa oração.
Diria
que Jaime Caetano Braun substituiu Glaucus Saraiva. E que, uma vez, eu e ele
fomos ser juízes na PUC de um concurso de oratória, e no final, aqueles que se
mediram no concurso, pediram que um de nós dois falasse. Eu dei a palavra a
Jaime Caetano Braun e o Jaime me disse: “Eu não sei falar, eu sei declamar”. E
fez uma resposta toda em verso, embasbacou o auditório em verso, em improviso.
E este é Jaime Caetano Braun, que V. Exa. lembrou, em muito boa oportunidade,
de fazer Cidadão Honorífico de Porto Alegre. Meus parabéns. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para discutir a Pauta tem a palavra o
Ver. Adeli Sell.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras.
Quero
me somar ao pronunciamento do Ver. Pedro Américo Leal nas homenagens que o Ver.
João Carlos Nedel presta a esta grande figura do Rio Grande do Sul que é Jaime
Caetano Braun.
Ver.
Paulo Brum, trato agora do Projeto de Lei de autoria de V. Exa., como já tratei
no ano passado do mesmo tema quando este era discutido aqui nesta Casa, que é a
instituição no Município de Porto Alegre dos jogos dos estudantes excepcionais.
É mais do que hora para que a sociedade de Porto Alegre olhe para toda a
diversidade e pluralidade dos portadores de deficiência. Os jovens estudantes
merecem ter esta atividade institucionalizada no Município de Porto Alegre,
como já dissemos de outra feita.
Tem
o aparte o Ver. Paulo Brum.
O Sr. Paulo Brum: Prezado Vereador, mais uma vez trazemos a
esta Casa este debate porque quando aprovamos no ano passado os JOMEEX, que
seriam os Jogos Metropolitanos para Estudantes Excepcionais, o Sr. Prefeito
vetou o Projeto. O Projeto voltou a esta Casa que derrubou o veto do Sr.
Prefeito, mas para que o Executivo possa colocar em prática esta proposta e
esta disposição da própria Câmara de Vereadores é que estamos reapresentando o
Projeto, inclusive a pedido do próprio Poder Executivo, apenas mudando a
expressão “Jogos Metropolitanos” para “Jogos Municipais”, em nada alterando o
processo que a APAE vem desenvolvendo já há mais de 25 anos. É apenas para que
o projeto possa ser colocado em prática do Município de Porto Alegre.
O SR. ADELI SELL: Havíamos percebido esta questão e já
tínhamos falado com V. Exa. anteriormente. Também falava ao Ver. Paulo Brum
hoje sobre a preocupação que tem o Executivo Municipal, particularmente a
Secretaria Municipal de Cultura. Fui contatado hoje pela Coordenação do Livro,
e estamos articulando uma agenda comum com o Ver. Paulo Brum para tratarmos com
a Secretaria Municipal de Cultura a respeito de um projeto extremamente
importante para os deficientes visuais, que é a auditora. Para aqueles que não
têm possibilidade de acesso à leitura, por falta de visão, que a Secretaria
está fazendo esse Projeto. Eu creio que, com o seu Projeto instituindo os jogos
Municipais e uma série de outros projetos que V. Exa. tem tratado aqui, nós
estamos dando condições da plena cidadania aos portadores de deficiência no
Município de Porto Alegre.
V.
Exa., dias atrás, lembrava a questão, não sei se já tem o retorno, seria
importante nos informar, do Centro 24 Horas. Nós teremos oportunidade de
conversar sobre isso, Vereador, na próxima semana, onde teremos, aqui, os
representantes do Centro 24 Horas numa audiência na CEFOR, e que perguntaremos
sobre essa questão, que não é diretamente atinente a nossa Comissão, mas já que
estamos tratando de uma série de projetos vamos lembrar aos representantes
sobre esse tema tão importante.
Portanto,
Ver. Paulo Brum, quero dizer que mais uma vez vamos nos somar para aprovar esse
Projeto e que, efetivamente, tenhamos os jogos Municipais dos estudantes
portadores de deficiência na cidade de Porto Alegre, algo que já vem sendo
feito pela APAE. Esse é um trabalho extremamente importante, portanto, não
poderíamos deixar de vir, aqui, registrar esse apoio. Sei que V. Exa. conta com
o apoio do conjunto da Bancada do PT e, como já foi dito, do Governo Municipal.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou
discutir o Projeto nº 072/98, mas não posso deixar de fazer uma referência a
respeito do que disse o Ver. Cláudio Sebenelo sobre a ausência de política de
assistência no Município.
Eu
quero debater isso porque está mais do que provado que o que não há, no
Município, é o devido respaldo à política de assistência, porque em nível
Estadual e principalmente em nível Federal há uma política do desmonte das
antigas estruturas com a desculpa de implementar as novas estruturas previstas
na Lei Orgânica do Município no que diz respeito à assistência e que não estão
fazendo. Por isso, ficamos sem nenhuma das duas coisas, ou seja, nem a
estrutura antiga, que deveria ser alterada, e nem a nova. Mas vou discutir isso
oportunamente.
Quero
discutir a questão do currículo das escolas. Fui, inclusive, fazer uma
pesquisa, relembrar leis sobre o currículo nas escolas. A Lei nº 5692/71, nesse
aspecto de currículo, foi inalterada pela LDB, ela se mantém em vigor. O que
diz a Lei nº 5692? Ela estabelece o conceito de currículo pleno, composto de um
núcleo comum. E existe uma Resolução do Conselho Federal de Educação que
estabelece todos os conteúdos obrigatórios em nível nacional, neste núcleo
comum, e uma parte diversificada - aí, que está a confusão - que garante a
autonomia dos estabelecimentos de ensino que escolhem as matérias de uma
relação que é aprovada pelos Conselhos Estaduais de Educação, e dessa relação
de matérias escolhem-se as que irão compor a parte diversificada. As escolas
podem propor novas disciplinas, mas têm que passar pela aprovação do Conselho
Estadual de Educação. Nem o prefeito da cidade pode criar matéria ou
disciplina, sem a devida aprovação do Conselho Estadual de Educação na parte
diversificada. É assim que funciona. E por que isso está estabelecido em lei?
Exatamente, para garantir a autonomia das escolas, dos estabelecimentos de
ensino, garantindo o atendimento às peculiaridades de cada comunidade escolar.
Então, essa é uma questão de liberdade, de autonomia das escolas - diria até
que é uma conquista que se obteve ao longo de muita luta.
Portanto,
a Câmara de Vereadores não tem poder para propor disciplina, ou conteúdos, ou
qualquer coisa do gênero, alterando o currículo das escolas. Em primeiro lugar,
porque isso fere a lei; em segundo lugar, existe um Parecer do Conselho
Estadual de Educação que já liquidou com esse assunto. O Parecer do Conselho
Estadual de Educação é bem claro nesses aspectos que eu li. Esse Parecer foi
dado sobre uma consulta que o Município fez a respeito da inclusão de uma
disciplina de Direitos Humanos, que foi proposta por esta Câmara.
Diz
o Parecer: “Além de todos esses aspectos legais, pedagogicamente, é inegável a
relevância do conteúdo de Direitos Humanos no currículo, como este aqui sobre a
AIDS e outros tantos, pela sua importância no processo de desenvolvimento da
personalidade da criança e do adolescente, mormente, quando a sociedade se
depara com séria crise de valores. Entretanto, a solução parece não estar na
inclusão no currículo de mais uma disciplina obrigatória. Em procedendo assim,
a cada conteúdo considerado significativo, novas disciplinas haveriam de ser
criadas, o que sobrecarregaria os demais currículos, interferindo na qualidade
do mesmo; interferindo na liberdade e autonomia da escola”.
Essas
iniciativas, interferindo no currículo das escolas, ferem frontalmente o artigo
24 da LDB - Lei de Diretrizes e Bases. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores...
O Sr. Gilberto Batista: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) O Projeto de minha autoria, que se refere à autorização de se
incluir as disciplinas, é apenas a prevenção de coisas ligadas às drogas, fumo
e AIDS.
Então,
acho que está havendo uma confusão, por parte do Ver. José Valdir, de que eu
quero implementar disciplina, não; eu quero que a escola possa ter uma
prevenção dessas matérias, através de alguma pessoa que seja do quadro, algum
professor.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Ver. Gilberto Batista, parece-me que a
redação do Projeto não leva a ter essa interpretação. Quem sabe, então, V. Exa.
apresenta um Substitutivo com este objetivo, que acho que dá outro caráter. (Lê
o PLL nº 072/98, de autoria do Ver. Gilberto Batista.): “Autoriza o Executivo a
incluir a disciplina Prevenção Contra a AIDS e Outras Doenças Sexualmente
Transmissíveis no currículo escolar das escolas municipais”. Isso é o que está
escrito aqui.
O Sr. Gilberto Batista: Acredito que tenha havido um erro na
grafia ou na composição deste Projeto. Eu vou verificar isso com a minha
assessoria e com a Diretoria Legislativa para eu me estabelecer, porque o meu
Projeto visa à prevenção e não à inclusão de nova disciplina.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Eu acredito que um Substitutivo pode
resolver isso. Não acredito que a responsabilidade pelo engano seja da
Diretoria Legislativa, pois a Diretoria Legislativa é muito cuidadosa;
dificilmente ela cometeria um erro desses.
Eu
quero discutir também um Projeto de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que pretende
alterar o Código de Edificações de Porto Alegre, definindo critérios - é um
aspecto do qual não nos damos conta, mas que tem importância - para a
construção, a colocação, a área da parte dos condomínios onde ficará
localizado, Ver. Eliseu Sabino, o zelador do condomínio.
O
nosso Código de Edificações diz que edificações com mais de dezesseis moradias
devem ter um local para moradia do zelador do prédio. E o que, de fato,
acontece - como Engenheiro que sou percebo isso - é que esse local termina
sendo o que sobra. O pior local da edificação termina sendo a moradia do
zelador, que é um ser humano igual a todos os outros que vão morar ali, que
precisa ter salubridade e segurança na sua moradia.
O
Projeto do Ver. Nereu faz essas definições, e eu o considero muito
interessante. Pretendo analisá-lo com muita atenção, porque, de fato, passa
despercebido esse aspecto, e o Projeto pretende trazer melhorias nas condições
de habitabilidade da residência do zelador.
Outro
Projeto que comento rapidamente, sobre o qual chamo a atenção dos Srs.
Vereadores é um Projeto de Lei Complementar do Executivo que pretende alterar o
art. 13 da Lei Complementar nº 352, de agosto de 95, que é a Lei que dispõe
sobre a política de assistência social do Município. Esse Projeto, que agora
inicia sua tramitação, de modificar a possibilidade da eleição e o retorno por
mais um mandato dos conselheiros do Conselho Municipal de Assistência Social,
porque pela lei atual o conselheiro só poderia ficar dois anos e depois deve
sair, automaticamente.
Ora,
é preciso que tenhamos o equilíbrio de não ficar para sempre uma pessoa ou ter
que sair, imediatamente, depois de dois anos. É salutar a possibilidade da
renovação por mais um mandato, por mais dois anos, porque o conselheiro acumula
experiências que são importantes, para passar aos novos, inclusive.
Fazendo
uma comparação com o linguajar futebolístico que está na pauta de todos nós
brasileiros, na esperança com a nossa Seleção, um time bom, um time
interessante é aquele que tem alguns jogadores jovens e alguns jogadores
experientes. Acho que isto se adapta, perfeitamente, a esta proposição do
Executivo, que faz, exatamente, esse equilíbrio. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra o nobre Ver. Gilberto
Batista em Comunicação de Líder pelo Partido da Frente Liberal.
O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, embora um lapso da sua
memória, um pouco falha, eu sou do PFL, ainda, e não pretendo trocar de
partido.
O SR. PRESIDENTE: Eu
quero informar a V. Exa. que não houve um lapso de memória deste
Presidente, absolutamente, é que como V. Exa., alternadamente, comparece a esta
Casa, e eu não estou nestas ocasiões presidindo os trabalhos, apenas pedi a
indicação do partido do qual, neste momento, V. Exa usaria o tempo de Líder.
O SR. GILBERTO BATISTA: Muito obrigado, Sr. Presidente.
Aproveitando o tempo que me é concedido, de Comunicação de Líder, uso-o para
debater Projeto de minha autoria que diz na sua base de sustentação: “Autoriza
o Executivo Municipal a incluir a disciplina ou nas disciplinas - isso quero
comentar - prevenção contra as drogas, fumo e doenças sexualmente
transmissíveis. A intenção do Projeto é incluir nas disciplinas já existentes
nas escolas e não acrescentar mais uma disciplina. O meu Projeto quer que possa
ser dado algo que os professores possam falar com os alunos de 1ª à 8ª séries
sobre esses temas, que são preocupantes no nosso País: o que pode ocasionar o
uso das drogas; as doenças sexualmente transmissíveis, não só a AIDS; o fumo,
que é até visto de forma normal, mas que pode causar muitas doenças.
O
uso deste tempo, Sr. Presidente, é para dizer ao Ver. José Valdir, que foi
enfático e categoricamente contrário ao Projeto, que houve um erro na redação
do Projeto, ao qual já estou fazendo uma Emenda, que irá corrigir esse Projeto,
incluindo o contexto nas disciplinas já existentes.
Acredito
que a Casa, através dos debates, irá, na maioria, votar favoravelmente ao
Projeto que tem como único objetivo a prevenção, e que as crianças sejam
informadas do que acontece quando são introduzidos drogas, fumo ou álcool.
Acredito que não haverá nenhum tipo de problema com relação a esse Projeto.
Quero,
também, agradecer à Secretaria Municipal de Transportes, através do Arquiteto
Fernando e do Secretário, no sentido do atendimento de vários pedidos feitos
por este Vereador para a Zona Norte de Porto Alegre, onde fui muito bem
atendido pelo próprio Secretário e pelo Arquiteto Fernando. Agradeço,
publicamente, pelo atendimento que tive, levando a comunidade até essas
pessoas, que prontamente estão atendendo aos assuntos que lá encaminhei para
aquela comunidade, que seria a implantação de um canteiro na Av. Souza Melo, e
a sinalização no entroncamento da Av. Assis Brasil, perto da Escola Luterana.
Quero agradecer a esse atendimento e deixar registrado este fato. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em face da ausência neste momento do
Ver. João Motta no Plenário desta Casa, vamos conceder a palavra ao Ver. João
Dib.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Nós inscreveremos a Liderança do PT no
momento oportuno.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe a manifestação de V.Exa. O
Ver. João Dib está com a palavra, em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
importante é ser simples. O importante é aprender todos os dias e eu continuo
aprendendo. Tenho em mãos um livreto da Fundação Milton Campos, do meu partido,
para pesquisas e estudos políticos que traz uma definição, um conceito de
Vereador: “Vereador - verbo “verear” - vigiar , zelar , buscar a verdade. Os
Vereadores como agentes públicos têm o dever de fiscalizar. Suas omissões ou
conivências poderão ser objeto de questionamento administrativo ou judicial da
mesma forma que os abusos e ilícitos.” Eu, com a minha simplicidade de sempre,
posso dizer que não tenho me omitido. Reiteradas vezes venho a esta tribuna e
reclamo do uso abusivo da carta-contrato nos últimos dez anos, pela Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. E hoje, alicerçado no conceito de Vereador, da
Fundação Milton Campos, que diz o que é o poder e o dever de fiscalizar, e vou
concitar os meus Pares, independentemente de partidos, para que usem e
fiscalizem a lei, em razão das centenas de cartas-contrato, absolutamente
ilegais, e faz 10 anos que falo nisso, que a Prefeitura vem fazendo uso ao
longo desses 10 anos e, agora, o faz amparada em outro livro, que deve ser a
bíblia de todos aqueles que participam de licitação. Diz que no artigo 24, que
é o que a Prefeitura usa para contratar médicos, enfermeiros, auxiliares de
enfermagem, engenheiros e mais um monte de gente, ela faz amparada nesse livro
das licitações, a lei das licitações, de autoria de um Deputado Federal do Rio
Grande do Sul, Sr. Luiz Roberto de Andrade Ponte, e que todos que fazem
licitações, manuseiam permanentemente. Então, a Prefeitura diz que, amparada no
artigo 24, a Lei de Licitações, que é a 8666, inciso IV, ela faz as
contratações por carta-contrato. E, aí, vem o poder e o dever de fiscalizar, e
estou concitando os meu Pares, inclusive os do PT. O Artigo 24, usado pela
Prefeitura, diz: “É dispensável a licitação nos casos de emergência ou calamidade
pública, quando caracterizada urgência e atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços ou
equipamentos e outros bens públicos ou particulares, e somente para os bens
necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa, e para a
parcela de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180
dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respetivos contratos.” Isso é a Lei em que
a Prefeitura se ampara. Eu perguntaria especialmente aos Vereadores do PT:
Quando foi que houve em Porto Alegre um decreto de calamidade pública ou de
emergência para que se autorizasse as contratações às centenas, que estão sendo
feitas nos últimos 10 anos? A carta-contrato é absolutamente ilegal. Se fosse
uma, duas, cinco, tudo bem, eu até entenderia, mas há 10 anos uso esta tribuna
reclamando este abuso! Houve casos em que médicos concursados não foram
chamados e cartas-contrato foram assinadas. Depois da reclamação deste
Vereador, um médico concursado e aprovado foi chamado para assinar uma
carta-contrato, mas depois de outros dois que não tinham nada a ver com o
concurso.
Volto
a dizer que Vereador, e isso vale para o PT também, do verbo verear: vigiar,
zelar, buscar a verdade. Os Vereadores, como agentes públicos, têm o poder de
ver, de fiscalizar. E esta Casa está sendo omissa se não entrar na fiscalização
imediata e direta desse abusivo número de cartas-contrato, porque em nenhum
momento foi declarada emergência ou calamidade pública em Porto Alegre.
Portanto, o dever de fiscalizar está presente, ou então a omissão, inclusive do
PT.
Vou
encerrar informando que farei um Requerimento para que não se diga que não
houve um documento. Vou requerer que esta Casa examine as cartas-contrato,
absolutamente ilegais da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Saúde e paz.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa convida o 1º Secretário, desta
Casa, Ver. Juarez Pinheiro a assumir os trabalhos desta Presidência, eis que
este Vereador fará uso do tempo de Comunicação de Líder pela Bancada do Partido
Democrata Trabalhista.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Gostaria que fosse inscrito na
Comunicação de Líder o PT, logo após os outros líderes inscritos. Falará, pelo
PT, nesta tarde, o Ver. Juarez Pinheiro.
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência recebe, por indicação da
Líder da Bancada do PT, Vera Maria do Rosário, a indicação do Ver. Juarez
Pinheiro como o Vereador que fará uso da tribuna pela Bancada do PT,
conseqüentemente, nula está a outra inscrição.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
em Comunicação de Líder pelo PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
nome da Bancada do PDT gostaria de registrar nesta data, uma data importante
para o Estado do Rio Grande do Sul, para a economia brasileira, para o
desenvolvimento da economia brasileira, e que nasceu mais por esforço da
sociedade civil, do que propriamente da estrutura governamental, que foi a
decisão de hoje da Organização Internacional de Epizootias, que concedeu aos
Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina o certificado de zonas livres de
febre aftosa, com vacinação. Representa uma conquista de todos os produtores
rurais deste Estado que teve à frente a FARSUL - Federação dos Agricultores e
Ruralistas do Rio Grande do Sul - nesta importante luta, uma vez que agora, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nós poderemos exportar a nossa carne bovina e
ovina, e competir no mercado internacional. Eu não sei se o Vereador Petista,
Cyro Martini, concorda com este importante avanço, na medida em que isso é
extremamente importante para a economia do Rio Grande. Nós geraremos divisas
apesar da perversidade, da dureza dos Governos Estadual e Federal em relação à
economia primária, pelo esforço desse segmento importante e vital da economia,
neste momento, se tem esse importante avanço. Primeiro, já há alguns anos da
erradicação da febre aftosa, nenhum rebanho bovino, Sr. Presidente, registrava,
nos últimos três anos, a incidência de qualquer manifestação de febre aftosa, e
os mercados americanos e europeus são exigentes em relação à aquisição desses
produtos. O nosso produto é da melhor qualidade, produto capaz de estabelecer
uma competitividade em relação ao produto uruguaio e ao produto argentino. O
nosso produto tem qualidade, é um produto que poderá, depois de muitos anos,
ocupar espaços perdidos na economia internacional em relação à questão da carne
gaúcha. Estamos vivendo um momento importante, porque os preços internacionais
são importantes, estimulantes ao desenvolvimento da atividade pecuária, que é
uma atividade extremamente competitiva no plano internacional, sobretudo no
Cone Sul da América Latina, e nós temos um desenvolvimento de gado de muita
qualidade, fruto, exatamente, de um esforço dos ruralistas rio-grandenses, e
que enfrenta a adversidade e a falta de sensibilidade do Governo Federal. Com
esforços próprios é que ela tem conseguido se impor, nenhum subsídio é
concedido à economia rural, enquanto que em qualquer país europeu, ou nos
Estados Unidos há subsídios para a atividade agropastoril pela importância que
ela tem do ponto de vista da produção do alimento fundamental para a
sobrevivência do nosso povo e gerador de divisas, e dos povos como um todo.
Portanto, Senhor Presidente, esta manifestação gostaríamos de deixar registrada
da tribuna do Legislativo Municipal da Cidade de Porto Alegre, este Estado tem
uma base fundamentalmente estruturada e alicerçada na economia primária.
Aplaudo os esforços e as medidas no sentido de tornar mais ampla a base do
nosso Estado, seja no desenvolvimento industrial, seja na atividade de
serviços, mas não podemos desprezar esse importante segmento da economia rio-grandense
e brasileira, que é o desenvolvimento da pecuária de corte. Hoje, o Rio Grande
vive um dia histórico pelo fato de que a Organização Internacional de
Epizootias concedeu aos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina o
certificado de Zona Livre da Febre Aftosa, o que representa a possibilidade que
temos, agora, de disputar, junto com a Argentina e o Uruguai, os mercados
internacionais da carne. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uso
este tempo de Liderança do Partido dos Trabalhadores para comentar a ida de
alguns nobres Vereadores, acompanhados, ou, talvez, tutelados pelo Deputado
Cézar Busatto, junto ao Dr. Sérgio Porto, Procurador-Geral da Justiça. Esses
Vereadores, que são os que conhecem realmente a Cidade, porque trabalham aqui
na Câmara, na elaboração das leis, na sua fiscalização, como diz o Ver. João
Dib, buscaram apropriar-se, talvez, no entendimento de que o Deputado tivesse
mais condições para acompanhá-los junto ao Dr. Sérgio Porto, Procurador-Geral
de Justiça. Eu, como Vereador desta Casa, que tenho reiterado aos colegas o
reconhecimento de que me orgulho desta Casa, pela qualidade dos seus
Vereadores, realmente entristeci-me, enquanto Vereador, por ver que eles
ficaram quase como assistentes, e o Deputado Busatto era, na verdade, o
interlocutor daquela denúncia que faziam junto ao Procurador-Geral de Justiça.
O objetivo era absolutamente claro e cristalino: buscavam dar uma resposta à
população pela decisão do Tribunal Regional Eleitoral de retirar de circulação
uma revista que trazia dados errôneos, no sentido de que dava a autoria de
algumas obras, ou muitas obras, realizadas com recursos do Município de Porto
Alegre, ao Governo do Estado. Inclusive, cometiam o equívoco de pegar obras que
foram realizadas, Ver. Pedro Ruas, digno candidato a Senado pelo PDT, pelo seu
companheiro, o ex-Governador Alceu Collares.
Quero,
de plano, registrar esta minha tristeza, enquanto Vereador desta Casa. Já
enquanto membro da Bancada do PT, enquanto bacharel, se não dos mais
ilustrados, mas no bê-á-bá do Direito, coisas comezinhas que, aliás, qualquer
Vereador deveria se apropriar, sobre a Lei de Licitações, a Lei 8.666/93, a Lei
Orgânica e a própria Lei Eleitoral, quero dizer que se trata - e a população já
está reconhecendo isso - de um movimento político cristalino para tentar
esconder, escamotear da sociedade o fato de esse Governo ter-se apropriado,
através dos partidos de oposição que colocaram ali sua sigla, de obras
realizadas pelo Município de Porto Alegre. Eu vou discutir, Ver. João Dib, uma
a uma as colocações feitas naquela denúncia, naquela representação. Quero dizer
que é uma representação absolutamente fraca. Não quero chamar de ridícula,
porque eu ofenderia algum colega meu que tenha ajudado. Deve ter sido realizada
por pessoas que não conhecem a Lei 8.666/93, algumas pessoas que não conhecem a
Lei Eleitoral e algumas pessoas que entenderam mal o fato político e, aliás,
responderam com muito pouca qualidade.
Eu
conheço o Dr. Sérgio Porto. É uma pessoa que, inclusive, trabalhou na Casa
Civil do próprio Governo Britto. E eu quero dizer a V. Exas. que servi com ele.
É uma pessoa honrada, um homem sério, e não vai se prestar a esse tipo de
manobra, porque ele tem, atrás de si, o Ministério Público, uma instituição
centenária, que teve já, na sua história, mesmo antes, quando era escolhido
pelo Governador o Procurador-Geral de Justiça, pessoas honradas. E desde o Dr.
Voltaire, com lista tríplice, escolhido pelo Governador, tem-se portado à
altura do que requer a Constituição, do que requer a população, do Ministério
Público. Dizem os Vereadores, ou o Deputado, ou quem redigiu, os Vereadores
tutelados pelo Dep. Cézar Busatto, que não houve licitação. Mas, por favor!
Estamos falando na veiculação. Temos, Ver. João Dib, que tanto defende com
justeza, aqui, os funcionários municipais, o parecer da Dra. Hoffmeister, uma
das maiores Procuradoras que este Município já teve, que deixa claro - e ela já
faleceu - que há inexigibilidade de licitação, comprovadamente, na doutrina e
na jurisprudência. Não fazem a interpretação da Lei Eleitoral, não fazem a
interpretação mais simplista, mais óbvia e depois vêm querer alegar que estamos
contratando, fazendo com que o sinal vá além de Porto Alegre. Mas, por favor,
Srs. Vereadores, é uma vergonha terem esse tipo de atitude e se prestarem para
um papel tão simplório, tão ridículo, que não está à altura desta Câmara de
Vereadores. Outra vez, não vão acompanhados de Deputados, se encaminhem
sozinhos para fazer essa denúncia. Isso é uma peça jurídica da mais baixa
qualidade e que, por certo, o Ministério Público Estadual, que é um órgão
honrado, saberá dar o devido caminho, ou seja, o arquivamento. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz para uma
Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver.
João Dib, V. Exa. é um dos Vereadores mais atentos na questão do orçamento
nesta Casa. Eu estava ouvindo a entrevista coletiva com o Sr. Prefeito
Municipal, Dr. Raul Pont, e ele foi perguntado a respeito do assunto
publicidade. Respondendo ao repórter da Rádio Gaúcha, disse que nós, aqui na
Câmara Municipal, liberamos, através do projeto do orçamento, 1,2% para que a
Prefeitura pudesse gastar em publicidade e que eles chegaram a gastar apenas
0,64%, 0,67%, não lembro bem os números, mas está na entrevista que ele deu à
Rádio Gaúcha. Ora, todos os Vereadores desta Casa, inclusive os Vereadores da
Bancada Petista, sabem que isso não é verdade, sabem que esses dados são
falsos, e foram jogados, hoje, na imprensa. Esta Casa liberou, no Orçamento
para 1998, para a imprensa, exatamente aquilo que veio no Projeto do Executivo
para esta Casa, e o Sr. Prefeito Municipal não sabe os números que ele mandou
para esta Casa para serem aprovados: 0,5%. Meio por cento! Sabe quando se falou
em 1,2%, Ver. Guilherme Barbosa? Na Lei das Diretrizes Orçamentárias. Mas quem
comanda o Orçamento, o que deve ser seguido, é exatamente o que é aprovado no
Orçamento. E no Orçamento foi aprovado 0,5%. Então, os assessores do Sr.
Prefeito Municipal precisam socorrê-lo, para ele não passar tal vexame. Ele
afirmou, hoje, numa entrevista coletiva, que o Município está gastando, este
ano, 0,67%, mas havia sido liberado pela Câmara 1,2%, o que não corresponde
exatamente à verdade.
Outra
coisa que ele afirmou em sua entrevista coletiva: que a inexigibilidade de
licitação, Ver. João Dib, deve-se ao fato de que como ele está distribuindo
verbas para todos os canais e em quantidades iguais, ele não precisava fazer
licitação. É claro que se ele fizesse assim, se ele estivesse distribuindo em
quantidades iguais, não precisaria. Mas nós sabemos, e V. Exa. tem conhecimento
desses números, que para uma determinada emissora de televisão foram dois
milhões de reais, para uma outra emissora de televisão foram quinhentos mil
reais, para outra emissora um milhão e quinhentos, um milhão e duzentos mil
reais, depois, para um dos jornais da Cidade foram um milhão e meio, para dois
outros jornais da Cidade, somados, foram quinhentos mil reais. Então, são
quantidades completamente diferenciadas, que estão sendo distribuídas pelos
vários órgãos de divulgação da Cidade. É claro que, mais uma vez, a assessoria
do Sr. Prefeito Municipal, de alguma forma, falhou. Os dados que ele está
fornecendo para a imprensa - e eu acredito que o Prefeito Raul Pont não queira
enganar as pessoas - são dados falsos, infelizmente. E esses dados falsos podem
ser desmentidos com a simples leitura do Orçamento. Basta que alguém que esteja
realmente interessado venha aqui na Casa, em qualquer dos gabinetes, e peça
para ler o Orçamento de 1998 e vai ver que exatamente os dados que foram
fornecidos pelo Sr. Prefeito Municipal, nesta entrevista coletiva que ele deu
hoje, não são dados reais, são dados falsos. E se era por isso que ele não
tinha medo dessa representação que deu entrada no Ministério Público, ele deve
começar a temer, porque os dados que ele tem não são dados verdadeiros; os
dados que ele divulgou são dados falsos. Na verdade, o que toda esta Casa
conhece e que a Cidade precisa conhecer, é que o que está liberado para
publicidade é 0,5%, que foi aprovado por esta Casa, e não 1.2%, como o Prefeito
Municipal afirma. E ele não podia gastar 0.67%, como ele declarou que gastou.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
estarrecido ouvi o pronunciamento do Ver. Juarez Pinheiro - colega pelo qual
tenho o maior respeito - quando, na defesa do seu Partido, na defesa da sua
Administração, dizia que nós, Vereadores desta Casa, teríamos sido tutelados
pelo Deputado e ex-Secretário Cézar Busatto. E mais, que esta nossa atitude, em
sermos tutelados pelo ex-Secretário, Deputado Cézar Busatto, envergonhava - não
sei se a Casa ou os Vereadores.
Jamais
- até porque participei da reunião com o Deputado Busatto e só não acompanhei
junto a representação que ele encaminhou ao Ministério Público por outros
compromissos, mas sei que diversos outros Vereadores o fizeram e participaram
da discussão e da elaboração - algum Vereador foi tutelado e jamais o Deputado
Cézar Busatto teve essa intenção. O Deputado Cezar Busatto é um homem de Porto
Alegre, é um Deputado que tem representação e compromisso com esta Cidade,
diferentemente, Ver. Juarez Pinheiro, da prática adotada pelo seu Partido, por
V. Exas. que são Vereadores de Porto Alegre, que foram eleitos pelo povo desta
Cidade para cuidar da Cidade de Porto Alegre, e, costumeiramente, vêm a esta
tribuna e falam da questão regional, dos problemas do nosso Estado, dos
problemas da União, que são evidentemente importantes. Isso é política, mas,
numa estratégia, foge um pouco das coisas de Porto Alegre. Este processo é
inverso, o Deputado Busatto é um Deputado de todo Estado, mas com preocupação,
também pela Cidade de Porto Alegre. Ele, como homem público e cidadão, não pode
silenciar sobre esses números; ele não pode deixar de fazer atos iguais aos que
ele fez com a participação efetiva dos Vereadores em fazer denúncias a respeito
de números e coisas da Cidade de Porto Alegre.
Os
Vereadores do PT, V. Exa. se inclui entre eles, discutem costumeiramente nesta
Casa - são pagos pelo povo de Porto Alegre para falar dos problemas e das
virtudes desta Cidade, - falam dos problemas do Estado do Rio Grande do Sul e,
eventualmente, das virtudes que possa ter o Estado, mas numa maneira de fugir
do assunto da Cidade, do povo que lhes paga, do povo que lhes elegeu. Ver.
Juarez Pinheiro, eles o elegeram para ser Vereador, V. Exa. até pode ter um bom
perfil, acho que tem, para ser Deputado, mas, neste momento, eles elegeram V.
Exa. para ser Vereador. Eles querem ouvir de V. Exa. e de nós Vereadores o que
fazemos pela Cidade de Porto Alegre, qual a nossa preocupação em relação à
Cidade de Porto Alegre. Talvez, Ver. Juarez Pinheiro, o povo de Porto Alegre
até queira V. Exa. na Assembléia ou na Câmara Federal, mas, neste momento,
querem ver V. Exa. discutindo ou defendendo esses números. V. Exa. não nos pode
acusar, nós Vereadores, de estarmos tratando algo de Porto Alegre, de sermos
tutelados e que envergonharíamos a tradição desta Casa. Eu não posso ouvir isso
e não posso silenciar. Respeito V. Exa., que é uma pessoa com quem tenho uma
relação muito profunda, respeito e exijo, como Vereador desta Casa, ser
respeitado, porque participei da ação do Deputado Cézar Busatto, que tem uma
preocupação, Ver. João Dib, com esta Cidade e com esta Casa e um respeito por
nós Vereadores. Nós podemos ter, politicamente sempre teremos, divergências
políticas, mas não podemos calar com os números. Quando se fala em publicidade,
o Ver. Luiz Braz foi extremamente feliz quando fez a análise da distribuição de
verbas aos órgãos de imprensa, que há um descompasso assustador nessa divisão.
Enquanto uma emissora ganha R$ 132.000,00, a outra ganha R$ 2.187.000,00.
Evidentemente, esta distribuição das verbas tem também um significado de
agradar a alguns, em serem beneficiados. Eu me detenho, não na distribuição de
verbas, mas me detenho, Ver. Guilherme Barbosa, no aumento do orçamento de 1997
para 1998, em relação ao aumento da verba de publicidade nesses órgãos. O
DEMHAB teve um aumento no orçamento de 19% e vão construir casas, vão fazer
regularizações fundiárias com 19% a mais do que tinha no orçamento passado.
Vejo que, no mesmo ano, a publicidade do DEMHAB, que nós sabemos que é desviada
para a Centralizada, aumentou em 146%. Haverá quem diga: mas gastava-se pouco
no ano passado. Não é verdadeiro. No ano passado foram gastos 3 milhões e 557
mil reais. A verba do DMAE, que V. Exa. dirigiu, em publicidade aumentou 90%,
enquanto os investimentos tão necessários - e V. Exa. luta por eles aqui nesta
Casa, Ver. Guilherme Barbosa, entendendo que deve ser aumentado o número de
hidrantes - aumentaram em 13%. A verba de publicidade do DMLU aumentou 89%, e o
Orçamento do DMLU 13%. A verba da FESC, Ver. José Valdir, que V. Exa. tão bem
conhece, que merece cada vez mais investimentos por parte da Administração,
aumentou em 27%, enquanto que a verba para publicidade aumentou em 110%.
Ora,
Ver. Luiz Braz, nós vamos silenciar sobre esses números, vamos silenciar sobre
esses dados? Ver. Juarez Pinheiro, esta é uma obrigação dos Vereadores de Porto
Alegre e também de Deputado Estadual, que tem responsabilidades e compromissos
com esta Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Anamaria Negroni está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
cidadãos e cidadãs de Porto Alegre.
Ocupo
a tribuna em tempo de Liderança do meu Partido, o PSDB, para voltar a um
assunto muito importante. Trata-se da exposição na Usina do Gasômetro, uma
integração cultural Espanha/Brasil, chamada: “Vísceras e Sentimentos”. Hoje
pela manhã estive na Usina do Gasômetro, porque não poderia estar nesta tribuna
sem o conhecimento destas fotos, desta “arte”. Já havia ouvido muitos
pronunciamentos nesta Casa com relação ao assunto, lido jornais, e há muita
discussão, muita polêmica a respeito dessa exposição.
Para
minha surpresa lá não estavam expostas fotografias em forma de arte, talvez
seja - se é que podemos chamar assim - arte pornográfica. Realmente, quem dos
senhores, de casa, tem alguma dúvida de que o discurso dessa Vereadora seja
demagógico ou coisa assim, vá a Usina do Gasômetro e dê uma olhada, e conheça
as fotografias que estão expostas no espaço Iberê Camargo, na Usina do
Gasômetro. Infelizmente, a nossa Secretaria de Cultura permitiu que isso
ocorresse. Inclusive, houve pronunciamentos aqui nesta tribuna, e também fora
daqui, de Vereadores que aqui defenderam um Projeto de Vereador da Bancada
Petista. .
(Aparte
anti-regimental do Ver. José Valdir.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, peço que se comporte
exatamente como este Parlamento exige que qualquer Vereador se porte. É o
respeito que nós devemos a todos aqueles que vão à tribuna e que eu exijo para
qualquer Vereador que esteja na tribuna.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sou muito grata Sr. Presidente. O que
volto a dizer, é que na história sempre houve muitas maneira de os artistas
exporem a sua arte. E nós tivemos, desde antes da Era de Cristo - inclusive,
quem já visitou Pompéia sabe que numa das casas mais importantes das Ruínas de
Pompéia, encontra-se um afresco, na entrada, de uma figura humana masculina,
com um membro avantajado. E isto, acredito, do ano dois antes de Cristo. E nós
diríamos que naquela época já se entendia que uma casa, ou quando se falava
alguma coisa nesse sentido, significava poder. Então, tudo são condições de
épocas. Agora, nós tivemos, também, por exemplo, Michelangelo, o famoso
artista, escultor e também pintor, quando pintou o Juízo Universal na Capela
Sistina, todas as figuras eram nuas, inclusive Deus, Adão, etc. Mas
posteriormente, os cidadãos da época e a própria Igreja foram contra e um outro
pintor, Rafael, se não me engano, pintou véus cobrindo as partes genitais de
cada figura humana. Isso, sim, eu poderia chamar de arte.
Em
1501, há quase 500 anos, houve uma réplica muito pequena de uma escultura
famosíssima de um homem totalmente nu: Davi, de Michelangelo. No entanto, isso
é arte, porque em Davi, embora se veja toda a figura humana nua, a expressão é
outra. Não aquela que conhecemos como figuras totalmente obscenas. E temos
procurado o termo, porque a discussão, aqui, é: é arte ou pornografia? Existe,
sim, uma diferença: há a verdadeira arte, e há a verdadeira arte pornográfica.
Eu,
para concluir, diria que a Bancada Petista, tão demagógica é, que, ao defender
seu projeto, no discurso - que chamaria de “oportunista” - defende a arte
pornográfica.
Então,
como existe na Europa, na Espanha, na França etc., que entrem com projeto onde
se tenha uma casa para expor arte pornográfica, e não continuar expondo em
casas como a Usina do Gasômetro, etc. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, recebemos, como membros
da Mesa, uma comunicação do Sindicato dos Aeroviários Gaúchos, que hoje
comemora o 13º aniversário de fundação. Face as suas lutas nesse processo de
reacomodação das linhas áreas - tanto em nível nacional como internacional -,
os aeroviários estão passando por uma série de dificuldades, inclusive, com a
demissão de vários funcionários. E, por isso, eles pedem o registro da Câmara
de Vereadores - e eu peço a V. Exa. que o defira -, porque é o aniversário de
um Sindicato que tem lutado em prol de sua categoria num momento difícil por
que passa.
O SR. PRESIDENTE: O pronunciamento de V. Exa. é a homenagem
que a Casa faz a esse Sindicato.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
O SR. JOÃO MOTTA (Requerimento): Sr. Presidente, como os pareceres são
todos pela aprovação, eu solicitaria que invertêssemos a ordem dos trabalhos,
passando o PLE nº 006/98 para o primeiro lugar na ordem de votação dos
Projetos.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. João
Motta, que requer a inversão da ordem de votação dos Projetos. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
0632/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 006/98, que transfere ao Município de Porto
Alegre uma área de terras de propriedade do Departamento Municipal de
Habilitação - DEMHAB e dá outras providências.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. João Dib: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relatora Vera. Anamaria Negroni: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, VIII, da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em
Discussão Geral e Votação o PLE nº 006/98, Proc. nº 0632/98. Em discussão.
(Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
1ª SESSÃO
PROC.
0587/98 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/98, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que
dá nova redação aos “caput” dos artigos 17 e 61 da Lei Orgânica do Município de
Porto Alegre.
Parecer
- da Comissão Especial. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do
Projeto.
Observações:
- discussão geral e votação nos termos do Art. 130 do Regimento da CMPA.
O SR. PRESIDENTE: Em Discussão Geral, em primeira Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município nº 001/98. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
Senhoras e Senhores, a Vereadora Clênia Maranhão propõe uma redação para o caput dos artigos 17 e 61 da nossa Lei
Orgânica Municipal. O art. 17 diz o seguinte: “A administração pública direta e
indireta do Município observará os princípios da legalidade, da moralidade, da
impessoalidade, da publicidade e da economicidade”. “A fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Município, quanto à
legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade e economicidade, será
exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo e pelo sistema de
controle interno de cada poder, observando o disposto na legislação federal e
na estadual, bem como pelos conselhos populares.”
O
parecer que tivemos a oportunidade de dar foi favorável, porque, no nosso modo
de pensar, esse princípio incluído na nova redação dos artigos em tela, citados
por mim aqui, busca, por sua interpretação, dar suporte para legislações que
vinculem as ações dos administradores a marcos ético-políticos, coibindo o
desperdício, a opulência e, principalmente, a descontinuidade dos projetos e de
obras não-concluídas.
Enfatizo
esses elementos, porque é muito importante que o nosso papel de legislar, de criar
leis, de fazer proposições seja acompanhado, também, da fiscalização do
Executivo, como sistematicamente tem sido cobrado, aqui, do Executivo
Municipal.
Por
isso, fizemos questão de vir à tribuna e dizer que a Bancada do Partido dos
Trabalhadores votará favoravelmente a essa modificação proposta pela nobre
colega, Vera. Clênia Maranhão.
Agora,
gostaria de enfatizar que, apesar de constarem, na Exposição de Motivos da
Vereadora, as nossas Constituições Federal e Estadual, não é isso que estamos
vendo nos Governos Federal e Estadual.
Por
isso, nós, muitas vezes, nos obrigamos, como Vereadores de Porto Alegre,
capital do Estado do Rio Grande do Sul, que fica no Brasil, a falar sobre temas
de nível federal e de nível estadual, fazendo duras críticas aos gastos, por
exemplo, com publicidade que são feitos nos níveis federal e estadual, quando
aqui quer-se passar a idéia de que haveria um desperdício de dinheiro por parte
da nossa Administração.
Ora,
eu já disse anteriormente aqui e vou repetir: às vezes, cometemos erros,
fazemos algum material que não seja exatamente a melhor forma de comunicar, mas
vou discutir um equívoco circunstancial de um determinado momento. Cito um
exemplo: considero que fizemos não da forma mais exata e correta um cartaz
sobre o Orçamento Participativo. E sou o primeiro a defender o Orçamento
Participativo e sua ampla publicidade para que os cidadãos possam interferir no
seu processo. Creio que o cartaz comunica pouco, comunica mal, mas reconheço
esse elemento que é circunstancial. É um erro de quem fez, de quem comunicou
num momento, mas não há um desperdício, não há um gasto exagerado na
publicidade de Porto Alegre.
Por
isso, nós tivemos, aqui, a firmeza de ressaltar que, sim, queremos mais
fiscalização, queremos transparência total para que não paire qualquer dúvida
sobre aquilo que estamos fazendo. Queremos ser fiscalizados como Poder Público
Municipal. Eu sou Vereador de situação e tenho como missão, também, a par dos
projetos legislativos, fiscalizar a minha Prefeitura, o meu Governo, a minha
Administração Popular. Por isso, tecemos esse parecer favorável. Queremos que
haja uma conduta ética na sociedade, em todos os seus níveis. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra
para discutir.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
discute-se a alteração da Lei Orgânica, pois a nobre Vera. Clênia Maranhão
deseja alterar os artigos nºs 17 e 61. Para que eu seja compreendido, lembro
que a Vereadora quer, no art. 17, ao lado da observação dos princípios da
legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade, que já constam da Lei
Orgânica, acrescentar o princípio da economicidade; e no art. 61, onde diz
atualmente: “a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial do Município será exercida pela Câmara Municipal mediante controle
externo...”, a Vereadora insere a frase, entre vírgulas: “quanto à legalidade,
moralidade, publicidade, impessoalidade e economicidade,...”. É quanto à legalidade
e demais princípios que ela insere no art. 61.
Eu
creio que o Projeto é absolutamente pertinente. Cita S. Ex.a., a Vereadora, na
sua exposição de motivos, o nobre Deputado Bernardo de Souza, que também, no
âmbito estadual, fez alterações e considerações sobre tais princípios,
principalmente o da economicidade. Independentemente de discussão do mérito que
o Ver. Adeli já desbordou, e não vi reclamações da Bancada do PT que sempre
reclama que quando se sai do tema logo se é censurado, não vou entrar nesta questão,
até porque o Projeto não está tratando dos gastos do Estado e, sim, de um
princípio moderno, de um princípio salutar, de um princípio que é o da
economicidade. Neste momento, então, não está em julgamento o Orçamento
Participativo e nem o caderno do Governo do Estado que foi impugnado na
Justiça. Hoje está em discussão a inclusão na Lei Orgânica do Município, que é
a nossa Constituição, entre aspas, do princípio da economicidade nos seus
artigos 17 e 61. Acredito que não se contesta essa necessidade. Se depois
houver outros derivativos por não ser obedecido o princípio, se o Projeto da
Vereadora for aprovado por esta Casa, aí se invocará a Lei Orgânica e
poder-se-á até tomar medidas de ordem judicial. Como, por exemplo, é o caso de
se invocar a Constituição Estadual se não está sendo cumprida, princípio já
adotado no Estado e na União.
Por
isso, estou enxugando a matéria. Quero aduzir que o Dep. Bernardo tem-se
notabilizado por criar legislação desse conteúdo ético-moral. Aqui nesta Casa
está tramitando um Projeto que também tem como exemplo, o Projeto que é
transformado em Lei, na Assembléia, que é também o Poder Público não ficar
imune se ele não cumpre a lei, mas não é o que está se discutindo.
Eu
só citei isso para realçar, como é o caso de um Deputado, embora não sendo do
nosso Partido - isso não interessa -, o que interessa é que é um Deputado que
está produzindo legislação, defendendo conteúdo ético-moral, que estão de
acordo com o atual período que estamos vivendo no Brasil, e que se deve, cada
vez mais, a nossa obrigação, como Poder Público, de prestar contas à sociedade
e também, principalmente, se adaptar aos princípios pertinentes a tal conteúdo
ético-moral, entre os quais esse salutar princípio da economicidade que, em boa
hora, a Vereadora quer inserir na Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, e
que terá, certamente, não só o voto da Bancada do PDT, como também de toda
Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir o Projeto de Emenda á Lei Orgânica nº 01/98.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras e Srs. Vereadores,
infelizmente, no Brasil, nós temos nos acostumado, com muita freqüência, a
convivermos com o desperdício dos recursos públicos. Muitas vezes, os
interesses dos administradores estão colocados acima dos interesses do conjunto
da população, e há, muitas vezes, a supremacia do interesse privado em relação
ao interesse público.
Nos
últimos anos, temos acompanhado todo o esforço da sociedade civil, e dos
parlamentos, para definir um regramento jurídico capaz de permitir uma gestão
pública baseada nos princípios éticos e administrativos que venham garantir a
transparência, e que venham permitir que a gestão pública seja feita moldada
nos interesses do conjunto da população, onde a relação do custo/benefício seja
centro de uma decisão política na hora da construção de equipamentos, na hora
da implantação de novos projetos.
Temos,
muitas vezes, nos acostumado a ver obras inacabadas, obras construídas em
locais muito mais caros, que exigem muito mais infra-estrutura, como uma
segunda opção em locais que poderiam ser muito mais baratos e, inclusive, mais
adaptados às realidades econômica do Município. Muitas dessas questões devem
ser trabalhadas, não apenas no ato, no fato da conflagração, da violação do
direito do cidadão de ver o serviço público executado com preço justo e
adequado.
Alguns
relacionamentos jurídicos têm sido formulados no sentido de garantir que na
Constituição Federal e na dos Estados sejam incorporados princípios que
garantam as melhores gestões das áreas públicas. A Constituição Federal já
incorporou o princípio da economicidade, e a Constituição do Estado do Rio
Grande do Sul também assim o fez, inclusive, a partir de uma proposta do
Deputado do PSB, Bernardo de Souza.
Analisando
a estrutura da nossa Lei Orgânica, nós percebemos que havíamos incluído nela
alguns outros princípios fundamentais, como o princípio da legalidade, da
moralidade, da impessoalidade, da publicidade. Porém, não tínhamos incorporado
o princípio da economicidade, que achamos fundamental para qualquer regramento
jurídico, porque, como já afirmamos, determina a predominância da questão
pública sobre a questão particular.
Acreditando
que vamos aprovar essa modificação na Lei Orgânica de Porto Alegre, nós estamos
adaptando a nossa Legislação à Legislação Federal e à Estadual, modernizando a
nossa Lei Orgânica, incorporando mais um princípio que hoje é fundamental, para
as ações de governo serem realmente compatíveis com os interesses políticos e
econômicos do conjunto do nosso Município.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vera. Clênia Maranhão, já me inscrevi e cedo o meu tempo a Vossa
Excelência caso esse aparte interrompa o seu tempo. Parece-me uma medida
singela, essa alteração que introduz, na verdade, uma única expressão na Lei
Orgânica. É possível que tenhamos para o Município uma economia real, efetiva e
que traga um retorno maior do que projetos que eventualmente busquem alterações
maiores da própria Lei Orgânica. Cumprimento Vossa Excelência pela iniciativa e
declaro, desde logo, o nosso apoio.
O SR. PRESIDENTE: Vereadora Vossa Excelência já está
falando no tempo do Ver. Pedro Ruas com a aquiescência dos Vereadores antes inscritos.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Agradeço ao Ver. Pedro Ruas. Para
concluir, tenho procurado trabalhar, aqui na nossa Câmara, alguns princípios
que venham dar um aprimoramento a essas relações do Poder Público com a
sociedade, através de outros Projetos, como o Projeto, aprovado por esta Casa,
o Projeto da Quarentena, e está tramitando na Casa outro Projeto nessa mesma
área, no sentido de garantir as relações ético-administrativas no nosso
Município de uma forma cada vez mais aprimorada, que é o Projeto que trata da
questão da regulamentação das reclamações dos serviços públicos. Acredito que,
com essa legislações estamos construindo, na nossa Cidade, um conjunto de leis
que moderniza o aparato legal que rege a administração do nosso Município e que
garante uma maior transparência para efetivamente fazer com que a população
possa ter um maior controle do Poder Público, das ações dos poderes.
Poderíamos, de uma forma de fácil compreensão, dizer que quando incorporamos o
princípio da economicidade numa Lei Orgânica do Município, nós damos a base
para que possamos desenvolver no futuro, ações que garantam o combate ao
desperdício dos recursos públicos. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está com a palavra
para discutir o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/98.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me
inscrevi e começo dizendo que evidentemente vou votar a favor da proposição da
Vera. Clênia Maranhão, até porque, no ano passado, eu tinha apresentado nesta
Casa, o mesmo princípio que ela apresenta hoje e mais três.
Inclusive
estou fazendo Emenda acrescentado os mesmo três que o Deputado Bernardo de
Souza apresentou à Constituição Estadual e que naquela Casa Legislativa
Estadual foi aprovada por unanimidade. Eu estou acrescentando os princípios,
além da economicidade que a Vera. Clênia Maranhão está apresentando, estou
apresentando da razoabilidade, da legitimidade que vai além da legalidade
apenas e da participação popular que é reconhecida dentro da nossa Lei Orgânica
por vários outros princípios. Eu quero dizer que no ano passado eu tinha
apresentado este Projeto, ele foi votado e foi rejeitado nesta Casa, vejam só,
foi rejeitado um Projeto que foi aprovado por unanimidade lá na Assembléia
Legislativa. Tem certas coisas que não dá para entender. Eu sei que a Vera.
Clênia Maranhão, no ano passado, votou a favor do meu Projeto e eu,
evidentemente, por coerência, vou votar favorável ao que a Vera. Clênia
apresenta, mas por coerência também vou apresentar outros três princípios que
eu considero importantes.
A Sra. Clênia Maranhão: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Décio Schauren, só para dizer que, assim como o Senhor está
declarando que vai votar favorável a nosso Projeto eu, seguramente, vou votar
favoravelmente aos novos princípios que V. Exa. vai apresentar na incorporação
a Lei Orgânica porque acho que eles são fundamentais para o regramento jurídico
e para a definição de assuntos concretos de aprimoramento da gestão pública.
O SR. DÉCIO SHAUREN: Eu agradeço o aparte e quero dizer que
os princípios que acrescento à legitimidade: o da legalidade, mas a
legitimidade vai além disso, ela é o plus em relação à legalidade. O Deputado
Bernardo de Souza diz na sua Exposição de Motivos o seguinte: “Assim todo o ato
legal ou administrativo deverá encontrar legitimidade em uma ordem jurídica
emanada de um poder legítimo e deverá comprometer-se com cada tarefa exigida
expressamente do Estado brasileiro”. Ele também se refere às disposições dos
artigos 30 e 40 da Constituição Federal: “Construção de uma sociedade livre,
justa e solidária, garantia do desenvolvimento nacional, erradicação da pobreza
e da marginalização, promoção do bem de todos, prevalência dos direitos
humanos, cooperação entre os povos”. Nessas questões está a legitimidade que
vai além da legalidade. Além desses aspectos, eu acrescento o da razoabilidade.
É importante entender que o princípio da razoabilidade firma-se como obstáculo
às ações despropositadas, ele é uma justa e correta adequação entre os fins
pretendidos e os meios adotados para que o administrador não haja ao sabor
exclusivo de seus critérios personalíssimos. Isso é importante, mas atende a
todos os atributos normais da prudência, da sensatez e da disposição de
acatamento às finalidades da Lei. Esse é o princípio da razoabilidade.
Quanto
ao princípio da participação popular que também acrescento, penso que não
precisamos falar muito dele, porque já temos vários dispositivos da nossa Lei
Orgânica, onde o princípio da participação popular aparece claramente, por
exemplo, na iniciativa popular, no Processo Legislativo, nas consultas
referendárias ou plebiscitárias, na Tribuna Popular que é quase usada em todas
as nossas Sessões, nos conselhos municipais como órgãos de participação direta
da comunidade na administração pública. Temos vários artigos da nossa Lei
Orgânica onde está prevista, claramente, a participação popular. É justo que
nesses princípios esteja contemplada a participação popular, explicitamente, na
nossa Lei Orgânica. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal
para discutir o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/98.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse
Projeto tem algo singular.
Quando
ele adiciona a palavra economicidade, ele, praticamente, chama a atenção de
todos nós de como é importante que o Poder Público, o Governo haja sem
desperdício. Desperdício com o quê? Com os recursos públicos. Parece que esses
princípios que regem a atividade pública, entre os quais, o da moralidade, se
confrontam. O Município não precisa se aterrorizar como se fosse isso uma
indireta, colocar na Lei Orgânica alguma coisa que é preciso alertar o Prefeito
para que ele cumpra isso. Não. A União e o Estado, por iniciativa de Bernardo
de Souza, um advogado diligencioso, um homem competente, sisudo, quieto,
calado, calmo fez essa aderência à Constituição do Estado e a Vera. Clênia
Maranhão, em boa hora, colocou também na Lei Orgânica. Mas, queria chamar a
atenção para a importância desse princípio. O que é feito com o CPMF, o tal do
imposto do cheque, que a União, infelizmente, não orienta para a saúde? Isso
dá-me uma grande amargura. Eu que permaneço na Comissão de Saúde e de lá não
saio, mesmo convidado até para a Presidência das Comissões, que já fui, não
saio da Comissão de Saúde porque vejo que é um problema dos mais cruciantes do
nosso Estado, eu vejo com amargura que este princípio não é seguido pela União.
O dinheiro da saúde vai por aí. Então, encontra-se a imoralidade com a
economicidade, e numa barafunda incrível, não é cumprido.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu perguntaria a V. Exa. com que base, com que dados, quem são as
pessoas que estão desviando o CPMF? Porque isso está sendo dito “a lo largo”,
dizer por dizer dizem tanta coisa, tanta injustiça, eu queria que isso se
esclarecesse de uma vez por todas. Do Orçamento de 97, eu tenho, inclusive,
documentos do Ministro Carlos César Albuquerque dizendo dia por dia o que entra
de CPMF e o que sai, do outro lado, com gastos exclusivamente no Ministério da
Saúde. No ano de 97 o CPMF foi, todo ele, investido na área da saúde. Isso eu
posso afirmar porque quem afirmou isso foi o Ministro Carlos César Albuquerque,
responsável pela saúde do Brasil em 1997.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V. Exa. até agora foi o único homem
público que me deu uma explicação e garante. Porque toda a nação fica
estarrecida: o que fazem com o CPMF? Ninguém se defende.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Para colaborar com o seu pronunciamento, a “Folha de São Paulo”
durante o segundo semestre do ano passado, em inúmeras matérias assinadas por
um conjunto de jornalistas, fez essa denúncia do desvio de verba do CPMF e da
Fundação Nacional da Saúde. É só buscar os arquivos e as fontes.
O Sr. Cláudio Sebenelo: Os articulistas diziam: “dizem, dizem”.
Mas entre o dizer e o comprovar, até hoje não se comprovou o desvio de um
tostão do CPMF.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: E como os Vereadores, os Deputados, os
Senadores vivem de notícias de jornal, principalmente de notícia de jornal, eu
também vivo. E me aflige, fico angustiado ao deparar com esta verdade e ninguém
se defende. V. Exa. é o primeiro a se levantar e dizer alguma coisa.
Então,
dou à Vera. Clênia Maranhão meus parabéns, na verdade ela teve a intenção de
recomendar critério com os discursos públicos, que as verbas sejam destinadas
àquela meta, que não haja desperdício de verbas, que não haja mudança de
aplicação de verbas. Eu dou parabéns a ela, mas, ao mesmo tempo, deixo aqui a
minha a angústia de ouvir e não ver defesa quanto ao imposto do cheque que, a
todo momento, esfrega-me no rosto e eu não posso ter uma constatação maior de
que ele não é bem empregado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/98.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu peço
desculpas ao Ver. Pedro Américo Leal pela amplitude da minha intervenção,
tirando-lhe tempo de pronunciamento. Vou trazer ao Plenário um documento com
data, quantias e aplicação da CPMF no Ministério da Saúde. Comprometo-me
pessoalmente de trazer aos senhores, porque tenho este documento fornecido pelo
Ministério da Saúde. Para acabar de uma vez por todas com essa discussão, outro
dia disseram, numa rede de televisão, que era para comprar vale-transporte,
isso é um absurdo. A felicidade do Projeto da Vera. Clênia Maranhão está muito
ligado a este Projeto datado de 20 de fevereiro, nessa época, ainda não tinha
sido colocado com a nudez possível o problema orçamentário e legal. Esse
problema da legalidade, Ver. Décio Schauren, nós achamos que é ostentado, assim
como esse democratismo exagerado, quando a legitimidade não precisa perguntar a
cada pagamento que se faz se a população concorda ou não. O que há, na verdade,
é o que foi denunciado - e eu gostaria muito que uma pessoa do PT dissesse que
isso não é verdade, que a verdade é outra - foram os seguintes dados: gastos em
publicidade, rádio e tevê da Prefeitura Municipal: RBS: dois milhões; Sistema
Brasileiro de Televisão: um milhão e seiscentos mil; Bandeirantes: quinhentos
mil; “Zero Hora”: um milhão; “Correio do Povo”, Caldas Júnior: um milhão;
rádios do interior, da RBS: quinhentos mil; Rádio Pampa: quinhentos mil.
Total...
O SR. PRESIDENTE: Ver. Sebenelo, V. Exa. sabe do carinho e
do respeito que tenho por V. Exa. e que luto há muito tempo, eu pediria que a
questão da publicidade, mesmo que ela seja um tema dentro dos princípios que
norteiam a administração pública, que V. Exa. tão bem conhece e que V. Exa.
exerceu quando Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, eu pediria a V. Exa.
que se fixasse na pauta, porque o que temos para discutir aqui é a inclusão do
princípio da economicidade. Eu agradeço a V. Exa. e peço a sua compreensão para
que outros Vereadores não voltem a essa discussão de valores.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Pois eu vou falar sobre economicidade. É
exatamente sobre isso que vou falar! São sete milhões e cem mil reais, quando a
Lei diz, por uma questão de economia, de economicidade, e por uma questão de
legalidade. Como falou, por exemplo, e eu queria que V. Exa. tivesse feito essa
observação ao Ver. Décio Schauren que falou sobre razoabilidade, sobre
legitimidade, que não era economicidade também. Então, esse tratamento
idêntico, que todo o Vereador deve exigir, mas, fundamentalmente, este é um
problema econômico, de economicidade. Como é um problema de economicidade
também o problema do Sambódromo; o problema da Pista de Eventos e que com o
projeto já pronto, com maquete pronta, com tudo pronto, nós vamos começar tudo
de novo porque a imposição de um determinado tipo de vontade de determinadas
pessoas, contra o interesse da população, fizeram com que, por uma questão de
economicidade, inclusive, houvesse esse grande debate que, agora, muita coisa
vai se escoar pelo ralo da economicidade, pela teimosia, pela impertinência,
pela imposição, contra a vontade do povo, contra a vontade dos moradores
daquela região.
Voltaria
especificamente aos gastos com publicidade da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre para dizer que a lei é claríssima. Publicidade no ano passado: 2 milhões
e 624 mil reais; publicidade em 98: 7 milhões e 100 mil reais. Gostaria que a
Bancada do PT dissesse que é mentira, que não é verdade, que eu voltaria atrás.
Esses dados foram retirados de contratos da Prefeitura Municipal com os
veículos de comunicação. Além disso, não só todos esses detalhes sobre
legalidade, mas o problema da economicidade também vem diretamente ferir esses
aspectos que devem ser exaustivamente debatidos, e estamos esperando até agora
uma contestação, porque ninguém disse que isso não seja verdade. Acusam o
Governo do Estado de gastar muito, mas o que eu quero saber é se isso aqui é
verdade ou não. O Ministério Público é que vai dizer através de uma ação. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O próximo orador inscrito é o Ver.
Renato Guimarães, que está com a palavra por cinco minutos.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Destaco, em primeiro lugar, a importância da proposição da Vera. Clênia
Maranhão de incluir na Lei Maior do Município o princípio da economicidade.
Isso é de muito valor para o Município de Porto Alegre, a proposição já foi
encaminhada em nível estadual e federal. Gostaria de destacar que correm em
alguns estados do Nordeste processos contra o Governo Federal, processos esses
legitimados pelo princípio da economicidade. Houve um conjunto de obras no
Nordeste do País que foram suspensas quando da transição de um Governo para
outro - e gostaria que o Ver. Cláudio Sebenelo me ouvisse, porque ele é um
representante do Governo Federal nesta Casa - e, baseado no princípio da
economicidade o Ministério Público entrou na Justiça cobrando do Governo
Federal o porquê da não continuidade das obras, o porquê do desperdício do
dinheiro público.
Tem
um aparte o Ver. Pedro Américo Leal.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. deve estar se referindo ao Canal
da Maternidade.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Vários projetos do Fundo Brasileiro da
Criança e do Adolescente na região do Nordeste e da Fundação Nacional de Saúde
foram suspensos na virada do Governo, e só o princípio de economicidade na
Constituição Federal garantiu que o Ministério Público pudesse acionar o Poder
Público Federal para dar continuidade a essas obras, coisa que ainda não fez. E
cobramos essa resposta do Ver. Cláudio Sebenelo.
Gostaria,
também, de destacar outro princípio fundamental em relação ao administrador
público, que consta na Lei, que é o princípio da publicidade. Esse princípio
deve ser seguido, mas não só se fazendo a fiscalização dos recursos que são
gastos em publicidade, mas a maneira como essa publicidade está sendo feita.
Essa
Cidade tem uma fiscalização e a sua publicidade é das ações do Governo desta
Cidade e não dos governantes que estão no Governo dessa Cidade.
Na
Cidade de Porto Alegre a publicidade é feita para orientar o cidadão e para
informá-lo das obras e das ações que estão sendo feitas.
Eu
não diria o mesmo do Governo do Estado e do Governo Federal, que faz
publicidade, sim, com verbas públicas, mas dos governantes que estão lá e não
das ações que esses governos executam. E é essa a cobrança que o Poder
Judiciário e o Ministério Público estão fazendo no momento que mandaram tirar a
revista “Dito e Feito” que era uma publicidade má do que estava sendo feito.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, pediria a V. Exa.
que se cingisse à questão do princípio da economicidade da Administração
Pública.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Como o debate, Srs. Vereadores, não ficou
num princípio e, sim, num conjunto de princípios, que tanto a Constituição
Federal, a Estadual e a Lei Orgânica do Município apresentam, por isso,
achei-me no direito, também, de falar sobre o conjunto dos princípios.
Mas
dando continuidade ao meu pronunciamento, gostaria de esclarecer ao cidadão da
Cidade de Porto Alegre que, no ano passado, a Câmara de Vereadores aprovou a
Lei de Diretrizes Orçamentárias, onde dizia que a Administração Pública poderia
gastar até 1,2% em publicidade e Porto Alegre está gastando 0,72, e se incluir
as verbas do SUS, gasta 0,54. Isso é meio ponto. É isso que nós temos que
dizer. Nós temos que afirmar que Porto Alegre está gastando a metade do que a
Lei de Diretrizes Orçamentária desta Casa autorizou. Essa Casa autorizou gastar
1,2, e nós estamos gastando a metade disso, que é 0,72. Essa é a verdade. E foi
isso que o Sr. Prefeito, hoje, em programa de rádio, anunciou.
O Sr. Antônio Losada: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Renato Guimarães, exatamente, a publicidade tem que ter um
sentido social do esclarecimento da importância das obras. A publicidade não
pode ter um sentido de palanque eleitoral, que não passe, efetivamente, o
sentido das obras. Obras é para atender à população: saneamento básico, saúde,
não é para fazer propaganda eleitoral. Muito obrigado Vereador.
A Sra. Clênia Maranhão: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, o Senhor está no exercício da Presidência, neste momento,
e, portanto, deve garantir que o Regimento dessa Casa seja cumprido. O Orador
que está na Tribuna deve retomar o tema que está em discussão nesse momento.
Não fazer avaliações de nenhum outro governo. Muito obrigada
O SR. PRESIDENTE: Vera. Clênia Maranhão, este Presidente,
apesar de ser um Vereador de primeiro mandato, a primeira coisa que fez quando
chegou nesta Casa, foi ler e reler o Regimento da Casa.
Adverti
o Ver. Cláudio Sebenelo, e pedi a S. Exa. que se restringisse à discussão, que
era o Princípio da economicidade e dos Princípios Gerais que norteiam a
administração pública, e o fiz também ao Ver. Renato Guimarães. O entendimento
dessa discussão está aqui sendo dado, e estou respondendo ao seu Requerimento,
V. Exa. está incluindo dentro de um dispositivo simétrico à Constituição
Estadual, um princípio a mais, que é o Princípio da Economicidade. Na verdade o
entendimento dessa Presidência, é que quando esse Princípio da Economicidade,
envolve, se deva ou não gastar mais com determinada dotação, isso está dentro
da economicidade. Quando se busca colocar números, de dizer quando quanto gasta
um e outro, no nosso entendimento, aí sim, estaríamos fugindo do tema, porque
dentro do Princípio da Economicidade se inclui a prioridade na escolha dos
gastos. Então quero responder a V. Exa. que acolho em parte, porque em relação
à solicitação feita por V. Exa. já havia sido feito por parte desta
Presidência, um alerta aos Srs. Vereadores e o entendimento que esta
Presidência está dando é de que não se deva entrar em detalhes de números, mas
se deve-se gastar mais com a publicidade oficial institucional ou não, isso se
inclui dentro de um âmbito mais alto que é a questão da economicidade. E tenho
agido assim quando se entra em números, aí está-se fugindo ao tema que V. Exa.
em tão boa oportunidade propôs a esta Casa Legislativa. Ver. Renato Guimarães,
para concluir.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Para concluir, Sr. Presidente, eu
gostaria de dar os parabéns à Vera. Clênia Maranhão e dizer que em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, em nome da Administração Popular, o
princípio que a Vereadora inclui na Lei Orgânica do Município só faz com que
nos vangloriemos enquanto Cidade de Porto Alegre que cumpre todo esse conjunto
de princípios e vai, certamente, continuar cumprindo outros que a Lei Orgânica
do Município deve vir a agregar. É uma satisfação para a Câmara de Vereadores
ter feito este debate e ter mais este princípio agregado a Lei Orgânica do
Município. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Presidência apregoa a Emenda de nº 01
ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/98, Proc. nº 0587/98, de autoria do Ver.
Décio Schauren.
O
Ver. João Dib está com a palavra para discutir o Projeto de Emenda à Lei
Orgânica nº 01/98.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, saúdo
a iniciativa da Vera. Clênia Maranhão e ficaria muito mais feliz se a Lei
Orgânica fosse respeitada, mas não é! O Art. 17 onde está sendo colocado mais a
palavra economicidade, fala também da impessoalidade, da publicidade, da
legalidade e da moralidade.
Legalidade,
eu diria que a Lei Orgânica já foi desrespeitada, quando o Prefeito comprou um
prédio na Rua da Praia, sem autorização legislativa, só para exemplificar.
Hoje,
faço esta Comunicação de Líder para chamar a atenção sobre as cartas-contrato,
e para dizer, Vera. Clênia Maranhão, que o nosso problema não é falta de leis,
mas a falta de seriedade na administração que critica todas as outras
administrações. Mas o art. 17 que fala da legalidade, e que está sendo
modificado por V. Exa., acrescentando “economicidade”, diz: “A lei estabelecerá
os casos de contratação de pessoal por tempo determinado, para atender às
necessidades temporárias de excepcional interesse público.” E as milhares de
cartas-contrato, absolutamente, ilegais, assinadas diariamente - outro dia
trouxe a informação aqui que, só num dia, assinaram vinte e uma cartas-contrato
-, são milhares! Dez anos de Administração: dez anos de desrespeito à Lei
Orgânica.
Então,
o problema não será resolvido, se acrescentarem economicidade.
A
lei seria perfeita, se dissesse num artigo só: “Tudo será realizado na busca do
bem-comum.” Mas a Administração, que tanto critica os outros, não respeita a
Lei Orgânica. Está aqui a legalidade, mas a legalidade é desrespeitada; a
impessoalidade da publicidade também é desrespeitada, quando usam “Mais Cidade,
Mais Cidadania”, e quando colocam lá - eu digo administração prefeitoral -, na
verdade: “Administração Popular”, que é contestada em todos os lugares. Eu não
sei como conseguem continuar fazendo.
Então,
na realidade, a palavra economicidade está muito bem colocada, até porque sei
de casos em que não foram seguidas as determinações da Lei nº 8.666 - sou capaz
de relatar casos, mas agora não é o momento -, onde a economicidade não foi
respeitada, não foi cuidada. Mas isso não seria necessário, se todos assumissem
as suas responsabilidades. E a responsabilidade do homem público é a realização
do bem comum. O Governador da Província do Rio Grande de São Pedro, em 1830,
168 anos atrás, já dizia: “chega de leis, as que têm são boas, basta que sejam
cumpridas”.
Lei
deve ser fruto da razão, da experiência e da luz. Eu acho que a razão, a
experiência e a luz estão a nos ditar, Vera. Clênia Maranhão, que é necessário
chamar a atenção do administrador público de Porto Alegre para a economicidade
e que seja incluído o meu apoio e de minha Bancada, como já demonstrou aqui o
Ver. Pedro Américo Leal, e tenho certeza de que o Ver. João Carlos Nedel diria
a mesma coisa.
Mas,
pelo amor de Deus, que a administração prefeitoral cuide de cumprir a lei e não
contrate centenas de estagiários. É a economicidade, não há necessidade de
tanto. Que não busque aquinhoar mais os cargos em comissão, que são do PT, que
estão buscando aqui 186% de aumento para eles.
Isto
não é economicidade, eu tenho outro nome, mas não vou classificar esta
proposição. Que cuide de realizar o bem comum, aí é a síntese de tudo.
Político
deve ser aquele que realiza o bem comum na sua plenitude. Saúde e paz. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Já
existem na Lei Orgânica os conceitos de legalidade, moralidade, impessoalidade
e publicidade. E o Projeto da Vera. Clênia Maranhão que, creio, será aprovado
por unanimidade, pretende incluir também a palavra economicidade.
Eu
não sou advogado, sou engenheiro e, tendo até um raciocínio muito linear,
muitas vezes, me preocupo com a interpretação das palavras, com a subjetividade
que alguma delas carrega, portanto, difícil de ser implementada.
Legalidade,
por exemplo, é uma palavra que tem sim, objetividade e uma referência com
vários diplomas legais. A Administração de Porto Alegre desde 89 - a nossa
Administração Popular - prima pela legalidade. Não vamos dizer que acertamos
tudo; nós também erramos, mas a Administração é exemplar no cumprimento da lei;
da moralidade, mais ainda. Esse é, no entanto, um conceito muito subjetivo: o
que é moralidade? A Vereadora Anamaria Negroni, por exemplo, ousou, de forma
corajosa, definir o que é arte. Eu não teria essa coragem, mas ela teve. O que
é moral para um? O que é para outro? São coisas absolutamente diferentes; é,
portanto, um campo muito subjetivo.
Impessoalidade
- Isso é muito claro. Não se pode fazer, Ver. Pedro Américo Leal, como fez o
Governador Antônio Britto em junho do ano passado, quando, numa propaganda do
Governo do Estado, ele aparecia. Isso que ele fez foi de uma ilegalidade
terrível, tanto que, a pedido do PT, a honrada Justiça do nosso Estado tirou o
Governador do ar, ele que é jornalista e que foi constituinte. Esse é um
conceito objetivo: a pessoa não pode aparecer de forma nenhuma. E o Governador
aparecia. Mas a Justiça tirou do ar o Sr. Governador.
Publicidade
- Esse é também um conceito importante que tem certa concretude. Não se pode
misturar partido com governo, como fizeram, agora, vários partidos daquela
famosa revista que a Justiça mandou prender. Os partidos tentaram a sua
liberação, mas o Pleno manteve a suspensão. Usaram a figura do Governador, o
símbolo do Estado, misturando as coisas. Isso é objetivo. Nós temos o exemplo
de como não deve ser feito.
Economicidade
- Embora eu vá votar a favor, considero ser esse um conceito de muita
subjetividade. Mas é importante que isso esteja sendo colocado, porque, de
qualquer maneira, é um parâmetro.
A Sra. Anamaria Negroni: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa., no seu pronunciamento referiu-se a mim, dizendo que eu
ousei definir arte. Eu gostaria de deixar bem claro que eu não quis fazer isso.
A definição de arte é uma coisa muito ampla. O que quis deixar bem claro nesta
Casa é que arte é uma coisa e que “arte pornográfica” é outra coisa. Só isso.
Como uma pessoa que vem acompanhando a cultura e a arte, como eu, há muitos
anos, posso dizer que existe uma diferença muito grande com relação a isso.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Mas, é um debate, Ver. Anamaria Negroni,
do que é pornografia e o que não é. E nossa Bancada toda é, absolutamente,
contra, embora cada um faça uso dela como quiser. Mas, é um conceito subjetivo
a definição de arte.
Então,
quero resumir, dizendo que acho importante que mais esse conceito seja
colocado, embora com muita subjetividade e amplitude na sua compreensão e na
sua interpretação. Mas, de qualquer forma, é um novo balizamento, que a nossa
Bancada e o nosso Governo se esforçam para que seja obedecido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa coloca em votação a prorrogação
da presente Sessão por mais duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a
aprovam permaneçam sentados (Pausa.) APROVADA.
Com
a palavra o Ver. Elói Guimarães para discutir o Projeto de Emenda à Lei
Orgânica nº 01/98.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
presente Projeto de Emenda à Lei Orgânica é indiscutivelmente de toda a valia,
na medida em que os princípios aqui mencionados, - da legalidade,
impessoalidade, moralidade, da publicidade, da economicidade - constituem
princípios fundamentais da administração brasileira, princípios que são
tratados do ponto de vista jurídico e técnico pelo Direito Administrativo.
Sabemos que modificações se processam no desenvolvimento da profissionalização
do serviço público com esse desmonte que faz o Governo da República, no que
respeita a Administração e ao Funcionário Público. Esses princípios ditados
pelo Direito Administrativo, legalidade, impessoalidade, economicidade,
princípios da transparência, motivação, e todo esse conjunto de princípios
inseridos aqui no presente Projeto são extremamente válidos e estão inseridos
na moderna administração brasileira e dos países desenvolvidos. Hoje a
administração perdeu aquelas características de pessoalidade do passado. Hoje,
todo o gerenciamento do processo administrativo se dá em níveis ditados pela
lei, pela norma, e esses princípios estão inseridos. É bem verdade que o
Brasil, a Administração Brasileira passa a sofrer um profundo retrocesso, que é
o desmonte do Estado Brasileiro e a transformação do funcionário público em
verdadeiros serviçais demitísseis. A estabilidade já caiu para os trabalhadores
e para o serviço público sofre todo um processo. A própria Justiça sofre com
toda essa reforma, pois querem transformar a Justiça, o juiz num funcionário
subalterno. Há todo um processo que depõe contra a administração pública
brasileira, a profissionalização, o avanço do serviço público, o subsalário,
tudo se entrega à iniciativa privada, nada contra ela, mas nós estamos
terceirizando tudo, e vai chegar o momento que não sei... Eu ouvi um
Desembargador que falava na posse dos desembargadores e, que, de repente, nós
estaremos até terceirizando a própria Justiça, terceirizando a Polícia, porque
tudo é o mercado, tudo é a iniciativa privada. Então, quando se levanta essas
questões, como essas inseridas no Projeto, que é altamente alvissareiro
dispor-se que a Administração tem que observar esses princípios, pena que o
Estado Brasileiro está vivendo um verdadeiro encurtamento, está diminuindo de
tamanho, e o Exército também, Ver. Pedro Américo Leal, está se reduzindo tudo
nesse novo modelo que se implanta hoje no país. De qualquer forma, é um
excelente Projeto e colocamo-nos favoráveis a ele. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Sra. e Srs. Vereadores, o
tema proposto pelo Projeto é, sem dúvida, de relevância e de importância.
Entretanto, há certas colocações, mesmo nos textos legais, que me chamam a
atenção sobremodo, me causam certa surpresa em razão da obviedade, das
colocações acacianas. É óbvio, é claro, é primário que há certos princípios que
têm que ser observados na administração pública ou outra qualquer. O princípio
da legalidade, não precisa ser dito, é óbvio que tem que ser respeitado. Aí nós
começamos a colocar nos textos legais exigências, disposições, conceitos que
vão torná-la complexa, de repente, até difícil para ser implantada, é o caso
que acontece com o Código de Trânsito Brasileiro que é tão rico em
conceituações e exigências que acaba se tornando quase que inaplicável pela
inoperacionabilidade dele.
Então, o princípio da legalidade não precisa estar escrito, a Lei, a “lex legis”, que é a origem da expressão, não precisa estar dito em lei alguma. Ora, o ilegal é criminoso, então é um princípio perfeitamente dispensável do texto legal. A moralidade também tem que estar presente nos atos do homem público, a “mos moris”, enquanto costume é algo relativo e subjetivo, mas, moralidade enquanto justiça, honestidade já não é, já é compatível com o texto da Lei. A Lei estabelece referência para graduar com mais exatidão a retidão moral, mas é outro princípio perfeitamente dispensável, porque escrito ou não como princípio ou norma, ninguém fica autorizado a agir de modo ilegal e imoral, enquanto contrário à honestidade e à justiça. Agora, o da publicidade não, esse é o real princípio que tem que estar bem claro e lembrado ao Presidente da República, ao Governador, ao Prefeito, ou seja quem for: tudo deve ser tornado público. Na repartição pública, nada pode ser escondido, tudo deve ser bem claro. Toda a vez em que assumi a responsabilidade de algum setor público, sempre deixei a minha porta aberta, porque eu não tinha nada a esconder. A publicidade deve ficar clara como princípio.
A
impessoalidade também não precisa, porque ninguém é autorizado, na qualidade de
representante, a pensar que a coisa pública pode ser disposta por ele de acordo
com a sua vontade. Se ele representa, ele deve ser fiel à delegação que ele
recebeu.
Quanto
à economicidade, entendo a preocupação da Vereadora - e ela é legítima. É
evidente que não podemos dispor dos recursos públicos sem ter o cuidado, a
cautela de bem aplicar esses recursos. São comentários que faço para
entendermos por que as leis são complicadas, complexas e difíceis. Porque vamos
inserindo conceitos e exigências que vão deixando de lado o que deveria estar
ali e tornando aquilo um cipoal terrível. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais oradores inscritos,
está encerrada a discussão.
PROC.
1224/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
dispõe sobre a obrigatoriedade de Curso Superior de Educação Física para os
responsáveis pelas academias de artes marciais. Com Emenda nº 01.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01;
- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela rejeição do Projeto e da
Emenda nº 01;
- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01;
- da COSMAM. Relator Ver. Renato Guimarães: pela rejeição do Projeto e
da Emenda nº 01.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 059/97, Proc. nº
1224/97.
Requerimento,
assinado pelo Ver. Reginaldo Pujol, solicitando o adiamento, por três Sessões,
da discussão desta proposta. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
0631/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 005/98, que adapta o Plano Classificado de
Cargos dos Funcionários no Departamento Municipal de Água e Esgotos à Lei nº
6309, de 28 de dezembro de 1988.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Guilherme Barbosa: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. João Dib: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Antônio Losada: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA, Art. 82, § 1º, III , da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 005/98. (Pausa.)
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, verifico que, visualmente,
não há quórum. Não sei se há a necessidade de fazer verificação nominal de
quórum ou se apenas V. Exa. declara que, visualmente, não há quórum e encerra a
Sessão. V. Exa. decide.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, esta Presidência acolhe o
Requerimento de V. Exa. e declara que, visivelmente, não há quórum.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h28min.)
* * * * *